A conhecida frase “Fazer o bem, sem olhar a quem” ganhou um novo significado para o veneciano Ricardo Ferreira da Silva, 27, há quase um ano, quando o trabalhador de construção civil recebeu a notícia de que poderia ser compatível com um paciente que estava precisando de um transplante de medula óssea e resolveu fazer a doação, que aconteceu a mais de 1,5mil quilômetros de Nova Venécia, cidade onde mora. A viagem foi para Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR), Curitiba, local onde, no último dia 25 aconteceu a doação internacional.
A medula óssea de Ricardo foi cadastrada em junho de 2022, pela ONG Voluntários do Bem, em parceria com o Homoes de São Mateus, durante a campanha de doação no Instituto Federal do Espírito Santo, Ifes de Nova Venécia. “Ele sempre quis que aparecesse um doador compatível para doar, desde que recebeu a notícia de que haviam encontrado alguém que estava necessitando da medula e era compatível com a dele, ele permaneceu firme, sem dúvida alguma do bem que iria fazer, falou o presidente da ONG Voluntários do Bem, Silmar Barbosa.
O cadastro do Ricardo estava no banco de dados do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), que foi quem entrou em contato com o veneciano, para fazer a doação. “Nós fomos ma primeira vez a Curitiba, para realizar exames pré-doação, para saber se o doador estava bem de saúde. Depois, fizemos outra viagem de novo, para doar”, explica Barbosa, que ainda completa. “Esta doação caiu como um presente para nós, no dia 17 de junho, vamos completar 10 anos de existência. Só sabemos que a doação foi internacional, o processo é sigiloso, e caso o receptor e o doador queiram ter contato, isso só pode ser feito dois anos após a doação”.

Chance de compatibilidade
Quando o procedimento é realizado entre não parentais (pessoas que não são parentes), a chance de compatibilidade é de 1 para cada 100 mil doadores. Já entre irmãos, a chance é de 4% e entre parentes, 4%.
Sala de doação
A doação do Ricardo teve o tempo de 4 horas, foram quatro horas separando as células-tronco do sangue. O local de doção é em uma sala, parecida com ambiente de hemodiálise. O paciente fica deitado, podendo assistir TV, conversar, ou dormir, pode comer, só não pode levantar. O sangue passa pela máquina, é filtrado, e volta para o corpo.
O procedimento, conhecido como aférese, envolveu a coleta de 300 ml de medula óssea, por meio de um cateter instalado na veia femoral.
O HC/UFPR é referência, e foi o primeiro hospital a fazer transplante de medula no Brasil, em 1979, pelos hematologistas Ricardo Pasquini e Eurípedes Ferreira.
O que é e como funciona o Redome
O Redome é o terceiro maior registro de doadores de medula óssea do mundo e faz parte de uma rede internacional que permite busca de doadores em outros países, caso não haja compatibilidade no Brasil.
No Brasil, todos os custos relacionados à doação – incluindo transporte, hospedagem e alimentação do doador e de um acompanhante – são custeados pelo Redome, por meio do Sistema Nacional de Transplantes, financiado pelo Ministério da Saúde.
O maior cadastro de medula óssea no mundo é dos EUA, seguido pela Alemanha, e em terceiro lugar, vem o Brasil.
Cadastro de medula óssea
Para quem deseja se cadastrar, precisa ter entre 18 e 35 anos, e não ter histórico de câncer ou doenças hematológicas, e ir até um Hemocentro ou nas campanhas da ONG Voluntários do Bem.





