O final de ano foi totalmente diferente para a veneciana, a Laiz Gineli Pavan, 36 anos. Desta vez, além de estar ao lado de sua mãe adotiva, a professora contou com a visita de sua mãe biológica, a dona a Edinalva dos Santos, que veio de São Paulo, para passar os festejos com a filha.
Além dela, a mãe biológica da Laiz veio com mais gente e, trouxe três irmãos da Laiz: o Ednaldo e o Sildevan, e a Mirian, e também, mais quatro sobrinhos, totalizando 10 pessoas na visita, que durou entre o dia 22 de dezembro, até o último dia 02. “Eles ficaram todos hospedados em minha casa, e minha mãe (Fátima Ginelli), os recebeu muito bem. Nós passamos o Natal todos juntos, e no revéillon, minha mãe ficou com os irmãos dela e, eu fui para Guriri com minha família biológica, para nossa casa lá. Eles amaram, adoraram a praia e já disseram que vão voltar”, conta a professora.
De acordo com Laiz, o reencontro aconteceu após oito anos de intervalo, entre a primeira vez que eles se viram. “De todos eles, eu sou a mais parecida com a minha mãe biológica, fiquei muito feliz em revê-los. Da outra vez, eu fui lá os ver. Agora, recebi todos aqui, foi fantástico!”, narra.
Além de Guriri, em Nova Venécia, Laiz conta que passeou com a família em alguns lugares, entre eles, na Gameleira. “Um dos meus irmãos disse que, se pudesse, moraria aqui, eles adoraram. Experimentaram a moqueca capixaba e amaram o prato. Fizemos galinha caipira, e entre outras coisas para eles, fomos para roça, enfim, foi divertido”, diz.
Entre os oito irmãos da Laiz, apenas três estão vivos, e são os que vieram a visitar. O Ednaldo foi adotado por uma família de Minas Gerais, e continua lá, o Sildevan foi criado pelo pai, também em MG, e a Mirian permaneceu com a mãe. “Eu não tenho ressentimento em relação a minha mãe biológica ter me entregue para adoção, para mim isso é muito bem resolvido. Tenho é um grande amor pela minha mãe que me gerou a vida toda, a Fátima, eu a amo, foi ela quem me criou, quem fez tudo por mim, ela é a minha mãe”.
O primeiro encontro
Depois de a Laiz ter ajudado uma conhecida a encontrar a mãe biológica, que aconteceu a vontade dela também saber sobre sua verdadeira origem. E, foi lá em 2016, que tudo aconteceu: “Eu nunca tinha ido atrás disso, nunca duvidei do amor dos meus pais adotivos, isso me bastava. Mas quando acompanhei esta história, fiquei com vontade de saber de onde vim, quais são minhas verdadeiras origens; saber também se me pareço com a minha mãe, ou com algum irmão”, conta.
Com a informação de que a mãe biológica era de Itamaraju, Bahia, a professora postou um texto procurando por ela, em uma página virtual da cidade baiana. Junto, foi também adicionada uma foto da mulher que deu a luz a Laiz, que a mãe adotiva tinha guardada. “Em dois dias recebi apoio de um delegado de lá, se oferecendo para ajudar. Ele queria um documento da minha mãe biológica, e quando comentei com a minha mãe do coração, ela tinha isso guardado também. Enviei ao delegado e no outro dia, ele achou meus familiares, morando em São Paulo, e me passou um número de celular. Quando liguei, era a minha tia. Me identifiquei, de início ela não acreditou”, explica. “Comecei a contar durante a ligação, a minha história e falei o nome dos seus dois irmãos, que estavam em Nova Venécia, quando Nasci”, explica.
Foi então que a tia soube, que a veneciana estava falando a verdade. “A partir daí foi só alegria. Dois meses depois eu fui para Diadema, São Paulo, que é onde a minha família biológica mora. Fiquei quase duas semanas lá. Conheci todos, é enorme a minha família de lá. Quando minha mãe biológica me viu, desabou no choro, passou até mal. O momento foi lindo e difícil também. Eu não tenho menor receio sobre o gesto de ela ter me entregue à outra família. Sei que no fundo, ela me salvou. Tive irmãos gêmeos que morreram de desnutrição. Realmente ela não tinha condições de me criar”, fala.
A adoção
De acordo com a Laiz, moradora de Itamaraju, na época, Edinalva veio para Nova Venécia já grávida, em busca de trabalho na colheita do café. Segundo a professora, além do bebê na barriga, a braçal tinha mais dois filhos com ela, de quatro e seis anos. “Ela foi pedir ajuda na prefeitura e meu pai adotivo trabalhava lá. Vendo que ela não tinha condições, ele pediu que doasse a menina de quatro anos para ele, mas ela disse que não poderia e, que daria a ele, a que estava na barriga. Por coincidência, ela estava hospedada na mesma rua da casa, daqueles que seriam meus pais adotivos. Uma vizinha levou a minha mãe biológica lá, para que ela doasse o bebê, assim que nascesse, e foi o que aconteceu”, fala.
Segundo Laiz, depois disso, a mãe sumiu e nunca mais a família adotiva soube notícias dela.
O nascimento da Laiz
Laiz nasceu no Hospital São Marcos, em Nova Venécia, local em que foi entregue para adoção. O funcionário público Elenilson Pavan (in memória) e a professora Maria de Fátima Gineli Pavan foram quem adotaram Laiz, que hoje tem uma filha de 19 anos, a Júlia. “Antes de ir para São Paulo, pensei várias vezes em desistir, já com a passagem comprada. Mas foi minha mãe adotiva, que também é a verdadeira, quem me deu força para ir. Ela disse que não era para eu perder a oportunidade, e que estava me esperando aqui na volta”, explica.
Sobre o pai biológico, Laiz revela que não tem conhecimento. Já sobre aquela filha da dona Edinalva, que tinha quatro anos na época em que Laiz nasceu, e que o pai adotivo pediu para ficar com ela, foi a Mirian, a irmã que veio visitar a Laiz. “Aos meus pais adotivos, só tenho a agradecer, meu amor por eles não cabe dentro do peito. Minha mãe biológica pode ter certeza que não tenho mágoa. Sou uma pessoa resolvida em relação a isso. Meus pais sempre me contaram a verdade, cresci sem traumas. Hoje, fiquei muito feliz com a visita deles, e quero que voltem logo”, finaliza.