quarta-feira, maio 14, 2025
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Um homem que entende de horas

 

Na coleção de despertadores, seu Nadinho tem a antiguidade suíça da marca Clarão, de 1920
» Relógio de corda de 1886
» Relógio Silco, 1970
» Famoso cuco de parede, com passarinhos na parte superior

 

 

 

 

 

 

Além dos ponteiros que colocou em ordem, seu Nadinho deu corda na própria história, e hoje, é o relojoeiro mais antigo de Nova Venécia

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As horas e os ponteiros fazem parte da vida do seu Leonardo Pereira de Aguiar, que há 61 anos iniciou na carreira. Foi aos 22 anos que o veneciano iniciou na profissão de relojoeiro, após terminar o curso, realizado no Instituto Técnico Cultural, de São Paulo.
Hoje aos 83 anos, seu Nadinho, como é mais conhecido, traz uma história cheia de glamour, da época em que a profissão, era tida como status na sociedade.
No alvará de funcionamento da Relojoaria Ideal, 31 de março de 1956 é a data de inauguração do espaço. Foi o estabelecimento que deu o sustento, para que o relojoeiro e a esposa, Zenir Sheidegger de Aguiar (in memória), criassem os três filhos.
Além do ofício de relojoeiro, seu Nadim também contou com a profissão de ourives – profissional que faz alianças -, e das mãos dele, saíram grandes quantidades de alianças, que ainda permanecem nas mãos de muitos casais.

» Seu Nadinho e o filho trabalham em meio à preciosidades, como o relógio carrilhão de chão

A relojoaria mais antiga da cidade
Com 61 anos de funcionamento, a Relojoaria Ideal é a mais antiga de Nova Venécia. Mesmo com toda tecnologia atual, visitar a loja, que também é uma oficina, é como voltar ao tempo. Centenas de relógios seculares e únicos, alguns de valor inestimável pela história que carregam, trazem uma espécie de túnel do tempo.
“Hoje em dia já não tem tanta emoção em consertar relógios, eles funcionam por bateria, o mecanismo atual tirou a graça do objeto. Antigamente a satisfação era maior. Os relógios eram a corda, de bolso e muitos de parede. Essa fase acabou, uma pena”, diz seu Nadinho.
Para dar conta do ofício, seu Nadinho conta com o filho, Leonardo Pereira de Aguiar Filho, de 57 anos, que começou a aprender o ofício com o pai, quando tinha apenas sete anos de idade. É ele quem atualmente, realiza a maior maior parte do serviço da oficina.
“Consertar relógios é algo melindroso. É preciso ter firmeza nas mãos e muita concentração. Sem contar com a paciência também”, diz o relojoeiro mais antigo da cidade.

As antiguidades
Quem tem um relógio mecânico antigo em casa pode se preocupar. Caso precise de restauração ou conserto, raramente encontrará alguém que saiba mexer nessa antiguidade, afinal, hoje é tudo eletrônico. Mas é para isso que seu Nadinho está aí, de portas abertas até hoje. Um dos poucos que ainda traz na bagagem, as histórias dos relógios antigos.
Na oficina do relojoeiro, para encontrar antiguidades, é só entrar. De frente do olhar dos clientes, artesanais e pomposos, lá estão eles, os relógios que narram o tempo.
Mecânico e diferente dos eletrônicos que são fabricados hoje, uma preciosidade enfeita a parede, trazendo a marca de fabricação: 1886. A peça é o relógio mais antigo da coleção do seu Nadinho, que como todos os outros, ainda funciona.
Entre outras raridades o famoso relógio cuco, com um pássaro na parte superior, ponteiros rústicos, e fabricado todo de madeira exclusiva pintada à mão, dá um ar de volta ao passado, na parede lateral da loja.
Outra curiosidade do local é um carrilhão de chão, folheado a ouro, que faz gongadas de hora em hora e com pêndulos. Elegante e extremamente imponente, o relógio, que mede mais de dois metros, proporciona todo charme da relojoaria.
Em meio a tantas antiguidades, com o auxílio do outro filho, o Weberton, seu Nadinho possui uma coleção de despertadores a corda, de marcas variadas. Com mais de 30 peças, um relógio suíço, de 1920, que era de antepassados da família, enfeita a prateleira localizada nos fundos da loja.
“Estes relógios foram comprados, outros deixados aqui por clientes, que não os queriam mais. Todos funcionam e temos bastante zelo por eles. Ser relojeiro é muito gratificante, hoje em dia, a valorização não é muita mais. Fico feliz que o meu ofício passou de mim, para meu filho”, finaliza.

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