O segredo da longevidade pode estar na vida simples, mas o seu Justino Machado qualifica uma bebida tradicionalmente brasileira, para o fato: a cachaça. Aos 107 anos, o morador do interior de Vila Pavão, é adepto à tal bebida todos os dias, antes do almoço e do jantar, sem faltar um dia; funciona como um aperitivo para ele.
Peculiaridades genéticas, alimentação, parecem que não são quesitos da longevidade do seu Justino. A mãe morreu um pouco depois dos 60 anos. Já os irmãos, o aposentado não tem contato, nunca mais ficou sabendo sobre o paradeiro da família. Sobre o que gosta de comer? Feijoada, arroz, feijão, e tudo sem restrição.
“Sou de Governador Valadares e tem uns 20 anos que estou aqui, definitivamente, em Vila Pavão. Já fui e voltei para cá. Nunca casei, sempre morei junto, e foram com cinco mulheres. Mas os filhos vieram somente de duas”, diz aos risos.
Seu Justino é um idoso à moda antiga. Acorda todos os dias às 4 horas da manhã, dorme cedo. Faz todas as refeições do dia e com muito gosto. Adora ouvir rádio, (Notícia FM), ver televisão e desfrutar das belezas da natureza, sentado ali, na varanda de casa.
“É meu lugar preferido. Antes gostava de dançar forró, sempre gostei. Mas agora as pernas não aguentam mais, estou esperando elas melhorarem para voltar da dançar”, se diverte.
O aposentado, que nasceu no dia 15 de abril de 1910, é daqueles tipos de idosos independentes. Não gosta que ninguém o ajude a andar. Com muleta em uma das mãos, o morador de Vila Pavão se locomove tranquilamente, é totalmente lúcido e conversador.
“Gosto da casa cheia de gente. Nunca passei dificuldade na vida, porque sempre trabalhei e sustei meus filhos. Vivo bem, sou feliz e uma pessoa honesta”, diz.
O centenário, que come todos os dias de manhã, pão com manteiga, toma apenas remédio para hipertensão e mais nada. Além disso, água gelada não é com ele, e o que ingere mesmo, é o líquido em temperatura ambiente, vinda do filtro de barro.
A família
Seu Justino tem 9 filhos, 21 netos e 11 bisnetos. Mora na casa da filha há apenas seis meses, antes disso, vivia em sua residência, e ele mesmo quem cuidava de tudo, até mesmo de suas refeições.
“Trouxe ele para morar comigo, pois meu pai já tinha levado umas quedas, as pernas não são firmes mais, por conta da idade. Sempre foi um excelente pai, uma boa pessoa. É alegre, bem humorado e nunca reclama de nada”, conta a filha, Claudete Machado Gonçalves, de 60 anos.
Começando a trabalhar aos 12 anos de idade, seu Justino exerceu tarefas do meio rural, e era tropeiro. Frequentar a escola, segundo ele, foram apenas alguns dias, mas mesmo assim, consegue assinar o nome.
Católico e devoto de Nossa Senhora, a fé é um dos maiores elementos, que traz o aposentado vivo até hoje, é o que ele afirma. Quando perguntado ao centenário quanto tempo ele ainda pretende viver, o aposentado é categórico. “Não estou com pressa, posso ficar por aqui um tempo ainda”, conta aos risos.
Com muita disposição, parece que para o seu Justino, a ausência de um marcador biológico, faz sentido em sua vida. E pelo jeito, a vida ainda lhe guardou um bom tempo de existência, para que possa continuar vivendo na tranquilidade do campo, comendo bastante polenta, que é o que ele também adora, e ostentando sua rotineira cachacinha.
