A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse nesta terça-feira (23), que “lamenta” a morte da jovem Syang Siqueira, de 21 anos, que estava grávida de 9 meses, e morreu com a bebê na barriga na segunda-feira (22), dentro da ambulância do Samu, em frente ao Pavilhão de Saúde de Água Doce do Norte, um dia após ser atendida e enviada para casa em um hospital de Barra de São Francisco. A Sesa não cita na nota enviada a suposta negligência médica levantada pela família da vítima.
A Sesa informou que “a gestante buscou atendimento no Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho (em Barra de São Francisco) na manhã do último domingo (21) se queixando de perda de líquido e dores”. Em sua versão, a Secretaria de Estado da Saúde diz que “durante o atendimento, foram realizados todos os exames necessários, assim como o pré-natal de rotina, e foi verificado que a paciente não possuía perda de líquido e que o colo de útero estava fechado e sem dilatação. A paciente foi medicada para dor e recebeu alta após a melhora clínica. A direção do está à disposição da família para outros esclarecimentos”, disse a Sesa, por nota. “Sobre o atendimento móvel, a coordenação do Samu 192 informa que, após acionado, enviou ambulância para o atendimento à paciente que recebeu o socorro da equipe. No entanto, foi a óbito”, finaliza a Sesa, na nota.

Cunhada fala em “negligência médica”
Segundo Rosilene Soares Loredo, 26 anos, cunhada de Syang Siqueira, a jovem passou mal no domingo (21), e foi levada pelo companheiro, Leandro Soares Loredo, de 28 anos, para o Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho, em Barra de São Francisco. Lá, a médica plantonista teria orientado que a mulher não estava na hora do parto, que não havia dilatado, que estava “tudo bem”, e que ela deveria retornar para casa.
Syang seguiu passando mal, e na madrugada desta segunda-feira (22), foi levada pelo marido para o Posto Médico 24h de Água Doce, onde morreu, com a criança no ventre, logo após dar entrada na unidade. Segundo a cunhada da vítima, a Unidade Básica do Samu/192 teria sido orientada pela regulação a não fazer a transferência da jovem de Água Doce para Barra de São Francisco, a fim de aguardar uma Unidade de Suporte Avançada (USA), que iria de Barra de São Franscisco para Água Doce, para remover a grávida. Syang morreu quando ainda estava na porta do hospital dentro da ambulância do Samu conhecida como USA, a que é acompanhada de enfermeiro e médico dentro.
A menina que ia nascer se chamaria Malya, e era a primogênita da mãe e do pai, Leandro, que perdeu a esposa junto com a filha. O corpo da mãe, com a bebê na barriga, foi levado para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), em Vitória. Não há previsão de horário para velório. A família pede justiça. Segundo Rosilene, cunhada de Syang, a jovem estava com a saturação baixa quando da ida ao hospital em Barra de São Francisco, e mesmo tendo relatado de dor, foi liberada. Ela contou ainda, que Syang fez pré-natal (acompanhamento gestacional) regular e que nada apontava para riscos que a jovem pudesse ter.
“Uma dor que não consigo explicar. Era a primeira filha deles. A gente pede justiça”, disse Rosilene Soares Loredo, cunhada de Syang.
Procurada pela Rede Notícia, a Polícia Científica (PCIES) informou que, “em casos de óbito por causas naturais e não violentas, é necessário contatar uma funerária (ou o CRAS, para aqueles que não têm condições de custear os serviços) para a remoção do corpo ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) da Secretaria da Saúde (Sesa), onde será conduzida a necropsia e emitida a Declaração de Óbito. O transporte de corpos pelo Departamento Médico Legal (DML) ou Serviço Médico Legal (SML) é providenciado somente em locais onde ocorreram mortes violentas, em casos com suspeita de violência, ou quando os corpos se encontram em avançado estado de decomposição”.
Luto
O prefeito de Água Doce do Norte, Abraão Lincon (PSD), decretou luto oficial de dois dias no município por causa da tragédia.
A Akinet Telecom, empresa que Leandro Soares Loredo, companheiro de Syang trabalha, divulgou nota em que oferece condolências ao colaborador pela morte da esposa dele, e da filha que nasceria. “A dor é inestimável e não encontramos palavras nesse momento. Estamos de luto! Receba o abraço e os sinceros sentimentos de toda a equipe Akinet”, diz a nota.
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Sobre o caso
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