domingo, setembro 15, 2024
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Réus acusados de matar menino inocente serão julgados quarta-feira em São Gabriel da Palha

Renildo Polidorio Ribeiro teria efetuado os disparos que mataram o adolescente Vitor Alvarenga Sperandio, 14 anos, em 19 de julho de 2021. Wasney Oliveira dos Santos confessou que pilotava a moto para o assassino.

A semana começa com os olhos voltados para São Gabriel da Palha, no Noroeste do Espírito Santo, onde às 9h da próxima quarta-feira (17), começa o julgamento de Renildo Polidorio Ribeiro e Wasney Oliveira dos Santos, réus acusados do assassinato do adolescente Vitor Alvarenga Sperandio, 14 anos, ocorrido no dia 19 de julho de 2021, no bairro Cachoeira da Onça.

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Vitor Alvarenga Sperandio, 14 anos. Crédito: Reprodução

Segundo o Ministério Público (MPES), o adolescente foi assassinado por engano já que o alvo dos atiradores era outra pessoa, com quem tinham rixa por causa do tráfico de drogas. No dia do homicídio, uma mulher de 64 anos também foi atingida na mão por bala perdida. O réus serão julgados pelo Tribunal do Júri acusados do crime de homicídio duplamente qualificado por motivo fútil mediante impossibilidade de defesa da vítima.

Policiais encontraram mais de dez cápsulas dos tiros de submetralhadora dados em São Gabriel da Palha, na noite do crime. Crédito: Polícia Civil

À época, a perícia apontou que o adolescente levou, pelo menos, quatro tiros na cabeça, praticamente em frente da casa onde morava. O crime aconteceu por volta das 21h, em plena segunda-feira (19/07/2021).

A decisão em que pronunciou os réus, em março deste ano, ou seja, momento em que o juiz acolhe a acusação e encaminha os suspeitos a julgamento no Tribunal do Júri, o juiz João Carlos Lopes Monteiro Lobato Fraga, entende haver materialidade delitiva contra os acusados comprovada por meio de Boletim Unificado, Relatórios de Atividades Policial, Laudo Cadavérico, bem como pela prova oral colhida em juízo.

Depoimentos das testemunhas

O juiz cita o trecho do depoimento de uma testemunhas, que contou que estava em casa quando o crime ocorreu; Que dois tiros pegaram na porta da sua casa; Que estava na sala de sua casa e um disparos acertou sua mão; Que o Vitor caiu na porta da sua casa; Que conhecia o Vitor desde de criança; Que ele era um bom rapaz; Que não viu quem cometeu o fato.

Um investigador também deu depoimento nos autos. Ele afirma que a Policia Civil apurou que após a prática de alguns disparos na residência de Renildo Polidório motivada pelo tráfico de drogas; Que Douglas e Wasney, cunhados de Renildo, foram até o Bairro Cachoeira da Onça e executaram a vítima; Que a vítima, adolescente de 14 anos de idade, foi executado por engano, pois não possuía envolvimento com o tráfico de drogas; Que haviam notícias que Wasney e Douglas traficavam, porém nunca foram abordados ou presos; Que a moto utilizada no crime foi identificada; Que após Renildo ser preso, os irmãos confessaram o crime; Que a moto foi apreendida no local de trabalho do Wasney; Que pelas imagens de videomonitoramento foi identificada a moto de Wasney e o passageiro tem as mesmas compleições físicas que Renildo; Que os irmãos, no primeiro momento não confessaram o crime, mas depois da prisão de Renildo confessaram; Que Renildo tinha controle sobre seus cunhados, os irmãos Wasney e Douglas.

A irmã de Douglas, um dos réus, contou em depoimento que no dia dos fatos Wasney chegou em casa do trabalho e alguém chegou no local chamando ele para ir no Bairro Cachoeira da Onça; Que não soube que seus irmãos confessaram o crime; Que ouvi dizer que o adolescente mexia com tráfico; Que já foi companheira de Renildo; Que seus irmãos e Renildo convivem desde de criança; Que não sabe do envolvimento dos seus irmãos e Renildo no crime.

Uma outra testemunha disse que soube pela própria irmã de Douglas; Que ele e Wasney cometeram o crime; Que o motivo do crime foi por rixa de drogas; Que soube do crime por telefone; Que depois ficou sabendo que eles queriam matar um jovem de nome Breno e mataram o adolescente por engano.

A confissão de um dos réus

Segundo a decisão de pronúncia obtida pela reportagem, o réu Wasney Oliveira dos Santos confessou a prática do crime, afirmando que cometeu o crime na companhia de Renildo. Já os acusados Douglas Oliveira Santos e Renildo Polidorio Ribeiro negaram veemente a prática dos fatos. LEIA OS DEPOIMENTOS DOS ACUSADOS:


(…) Que seu relacionamento com Renildo é estável; Que em relação ao homicídio do Vitor Alvarenga, estava pilotando a moto e o Renildo foi quem efetuou os disparos; Que no dia dos fatos chegou do trabalho em sua residência, e Renildo lhe pediu para levá-lo na casa de um parente no Bairro Cachoeira da Onça; Que assim fez; Que quando chegaram lá viu um menino em uma varanda e então ouviu os disparos; Que ficou com medo; Que Renildo, logo em seguida, mandou ele voltar; Que não viu que Renildo estava armado; Que não sabia que ele iria executar a vítima; Que não confessou o crime no primeiro depoimento porquê estava com medo; Que depois confessou porquê Renildo lhe bateu, dizendo que não poderia confessar os fatos e era para o interrogado confessar; Que não correu de moto atrás do adolescente; Que Renildo mandou ele parar, disse que teria que conversar com o menino e em seguida tirou a submetralhadora debaixo da camisa e atirou; Que seu irmão Douglas não tem envolvimento no crime; Que praticou o crime junto com Renildo Polidório; Que tem medo de Renildo; Que ele disse que mataria sua família acaso não se entregasse; Que ouviu dizer que atiraram na casa do Renildo e por isso ele cometeu esse crime; (…) Wasney Oliveira dos Santos.


(…) Que é amigo de Renildo; Que em relação ao crime não tem participação; Que quem matou foi seu irmão Wasney e Renildo; Que ocorreram disparos na casa de Renildo e depois disso aconteceu o crime; Que confessou o crime porquê Renildo ameaçou matar sua família; Que ficou sabendo que Vitor foi morto por engano; Que tem medo de Renildo; (…) Douglas Oliveira Santos.


(…) Que não cometeu o crime; Que no momento do crime estava brigado com Wasney; Que dias atrás sua casa foi atingida por disparos de arma de fogo; Que Wasney lhe apontou como autor do crime porquê estavam brigados; Que não tem participação nenhuma no crime; (…) Renildo Polidório Ribeiro.


Na decisão em que encaminhou a dupla ao banco dos réus perante o Tribunal do Júri, o magistrado aponta que “em que pese a negativa de Renildo, há nos autos informação de que a motivação do crime de homicídio se deu em razão de disputa pelo tráfico de drogas, sendo que a residência de Renildo foi alvo de disparos de arma de fogo uma noite antes do crime e em retaliação, Renildo foi até o Bairro Cachoeira da Onça para matar “Breninho” e, por engano, atingiu a vítima Vitor Alvarenga Sperandio”.

Além disso, segundo a Justiça, os acusados Wasney e Douglas afirmaram terem sido ameaçados por Renildo e, por isso, não informaram o envolvimento dele no crime durante as investigações. “O acusado WASNEY confessou a autoria do delito e ainda informou que estava na companhia de RENILDO no momento do crime, sendo que este foi o atirador, ao passo que aquele conduzia a motocicleta”, cita o juiz João Carlos Lopes Monteiro Lobato Fraga.

Já o suspeito Douglas Oliveira dos Santos não vai ser julgado pois o juiz não o pronunciou. O magistrado argumenta que “da análise de todo o acervo probatório, verifico que as provas produzidas não fornecem um acervo probatório suficiente para sustentar uma decisão de pronúncia em seu desfavor”. Com isso, Douglas recebeu alvará de soltura em março deste ano.

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