domingo, fevereiro 16, 2025
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Pai de médica morta em hotel de Colatina fala ao “Encontro”, na TV Globo; vídeo

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O médico cirurgião, ex-prefeito e ex-vereador de Teófilo Otoni (MG), Samir Sagi El-Aouar, pai da médica psiquiatra e nutróloga Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos, encontrada morta em um hotel de Colatina, no Espírito Santo, no sábado (2), falou na manhã desta terça-feira (5), ao programa “Encontro” com Patrícia Poeta, na TV Globo. O ex-prefeito Catuji (MG), Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, marido da vítima e o motorista do casal, Robson Gonçalves dos Santos, 52 anos, estão presos preventivamente (por tempo indeterminado), acusados pela Polícia Civil dos crime de feminicídio e homicídio, respectivamente.

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Crédito: Reprodução | TV GLOBO

Para Patrícia Poeta, o pai de Juliana disse que ela ligou para ele na sexta-feira (1), contando que havia chegado em Colatina onde faria uma consulta com um neurologista. “Fez a consulta, correu tudo bem, foi para churrascaria, tomou sorvete. E meu ligou a noite, me mandou um beijo, me mandou um boa noite e disse ‘pai te ligo amanhã cedo’, e essa noite foi a última vez que eu consegui falar com minha filha”, disse Samir.

A médica psiquiatra Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos, o pai dela, Samir Sagi El-Aouar, e o marido da médica, preso suspeito de matá-la, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos. Crédito: Instagram / Reprodução

Patrícia Poeta perguntou como o pai ficou sabendo do que tinha acontecido com a filha: “Ele me ligou, o Fuvio me ligou pela manhã, às 10h, minha filha já estava morta desde a noite, e ele ligou pela manhã, dizendo que havia acontecido uma coisa chata. Eu perguntei o que era, e ele disse ‘a Juliana está em óbito aqui’. Mas numa tranquilidade, eu quase enlouqueci, comecei grita, comecei chorar. E em seguida ele falou ‘acionei o Samu’. Minha mulher logo acionou a polícia de Colatina. A Polícia chegou, ela já estava em óbito há muitas horas, toda machucada, e foi dessa forma que ele falou comigo”.

“Meu filho ligou para ele em seguida, meu filho de 17 anos, e ele disse para o meu filho o seguinte: ‘ela não aguentou nem o tranco da noite, riu e desligou”, disse Samir, pai da médica assassinada. “Um assassino frio, olha a forma com que ele falou com meu filho, olha a forma que ele me disse”.

A jornalista e apresentadora Patrícia Poeta perguntou como era a relação deles. “Eu posso te adiantar que a relação ficou muito ruim nos últimos 2,3 anos. O ano passado, eu pedi uma medida protetiva a Justiça de Teófilo Otoni, disse que ela corria risco de morrer, o juiz não acreditou, e negou a medida protetiva, talvez se essa medida tivesse saído, nós não teríamos chegado a este ponto”, contou Samir.

Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, é suspeito de matar a mulher, a médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos. Crédito: Reprodução / Instagram

“Negou a medida, e (ela) continuou o relacionamento, todo dia aparecia com o olho roxo, ele falava que ela caía em casa, ela tinha medo de me contar a verdade, ela a ameaçava, violento. Até quando este ano, ela apareceu com um corte profundo na região frontal, mediu no IML tinha 7cm de tamanho, eu tive que chamar um cirurgião plástico para fazer a sutura e recompor a testa dela, tudo isso, ele vinha dizendo que ela caiu em casa. Na verdade ele estava agredindo ela várias vezes, e nós tínhamos como provar, porque ela tinha medo de contar a verdade, medo de eu ter um confronto físico com ele”, conta Samir.

Patrícia Poeta perguntou ao pai da médica assassinada se ele acredita que este crime tenha sido planejado. “Eu acredito que (esse crime) foi muito bem planejado por ele. A minha filha adotou a pedido dele, há uns dois anos atrás, como filha dela, a filha dele. Ela não teve filhos com ele. Então, a filha dele hoje é herdeira de tudo que ela tem. Ela tem alguns bens, móveis e imóveis, e ele planejou. Ela disse que queria separar dele. Eu acredito que seria a última oportunidade dele estar com ela sozinho, e planejou fazer isso que ele fez”, detalha Samir.

“A noite ele bateu tanto nela, que ele quebrou o crânio dela em dois lugares, ele massacrou o estômago dela, que foi retirado pelo IML para fazer exames, asfixiou mecanicamente a minha filha. Ela era uma pessoa de 50 kg de peso, franzina, bonita, ele arrebentou a minha filha a noite toda. Você imagina o pavor da minha filha, querendo se salvar, gritando, os vizinhos de quarto escutaram o ruído, reclamaram, e ninguém foi lá para poder tentar abrir a porta para conversar com ele. Talvez fosse a chance de salvar a vida da minha filha. Deixou ela morta durante a noite, e pela manhã foi a portaria do hotel, dizendo que a minha filha estava desmaiada, passando mal, que queria acertar a conta, para levá-la embora. Aí o hotel não aceitou, pediu para chamar o Samu e em seguida a polícia”, conta o pai da médica assassinada.

“Ele estava tentando fugir, não sei para onde ele iria, e como é que ele iria tirar a minha filha lá de dentro, dizendo que ela estava desmaiada. Imediatamente, a polícia fez a prisão, a polícia do Espírito Santo agiu muito rápido, foi muito inteligente, e num instante fizeram a prisão dele e do motorista. O motorista (Robson Gonçalves dos Santos, 52 anos) é suspeito de duas mortes. Uma morte está confirmada no histórico dele. A outra não se sabe. E o esposo é um homem violento, já vinha batendo nela várias vezes, as pernas todas roxas. Ele furou ela toda de agulha, injetando morfina nela dentro do quarto, injetou no pescoço, nas pernas, no abdómen/tórax, arrebentou a minha filha, acabou com a minha vida, acabou com a vida de todos nós, minha filha querida”, disse chorando o pai da médica Juliana.

Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos e a médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos. Crédito: Reprodução / Instagram

“Nós temos que acabar com esses feminicídios no Brasil. Nós temos que lutar para que esses homens não continuem matando suas esposas, que são nossas filhas, que nós entregamos, achando elas estão bem cuidadas, e eles a levam a morte sem motivo nenhum”, disse.

Segundo Samir, Fuvio entrou em um hospital onde Juliana estava internada uma vez, e injetou uma substância nela. “Tem um processo do hospital contra ele. Já passei tudo para a Polícia Civil de Colatina”, conta.

Prisão preventiva

Na decisão da Audiência de Custódia desta segunda-feira (4), que manteve presos os suspeitos pela morte da médica psiquiatra Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos, dentro de um hotel em Colatina, o juiz João Carlos Lopes Monteiro Lobato Fraga disse que o assassinato da médica foi “perpetrado de maneira fria e desprezível”. O ex-prefeito Catuji (MG), Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, marido da vítima e o motorista do casal, Robson Gonçalves dos Santos, 52 anos, estão presos preventivamente (por tempo indeterminado), acusados pela Polícia Civil do crime de feminicídio e homicídio, respectivamente.

O motorista do casal, Robson Gonçalves dos Santos, 52 anos, teria ajudado, segundo a Polícia Civil, no feminicídio da médica Juliana. Crédito: Instagram / Montagem Rede Notícia

Segundo o Termo de Audiência de Custódia obtido pela Rede Notícia, o promotor de Justiça Marcelo Ferraz Volpato, solicitou a validade da prisão em flagrante da dupla e pediu à Justiça a conversão em prisão preventiva (sem tempo para acabar). Já a defesa de Fuvio e Robson, feita pelo advogado mineiro Tarcio Leite de Almeida requereu “a liberação das chaves do veículo de Fuvio”.

“Verifico que estão presentes, os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva dos autuados, principalmente por haver prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, pelos documentos acostados no Auto de Prisão em Fragrante Delito (APFD), havendo, portanto, justa causa para a decretação da prisão preventiva. De outra sorte, a segregação cautelar se mostra necessária no presente caso para garantia da ordem pública”, assinala o juiz na decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva de Fuvio e Robson.

“Trata-se de crime de homicídio (feminicídio), perpetrado de maneira fria e desprezível, imputado ao marido da vítima e ao outro custudiado. Conforme laudo apresentado pelo SML, a vítima sofreu diversas (graves) lesões, sendo as causas da morte, hipoxemia, asfixia mecânica, broncoaspiração e traumatismo cranioencefálico. No local dos fatos foram apreendidos diversos fármacos, dentre eles: morfina, clonazepan, dormonid, jardiance, seringas, agulhas e ainda na janela abaixo do quarto, parte de um vidro do medicamento kentamina. Encontrado ainda “pó branco” que foi encaminhado para análise. Em razão da reprovabilidade das condutas em tese praticadas pelos autuados e para a garantia da ordem pública, entendo que a segregação cautelar é medida que se impõe no presente caso”, finaliza o juiz na decisão que manteve os suspeitos presos.

Segundo a Secretaria de Justiça do Espírito Santo, Fuvio e Robson estão presos no Centro de Dentenção Provisória de Colatina.

Câmeras mostram “entra e sai” de quarto

A Rede Notícia teve acesso ao Boletim de Ocorrência do caso da médica psiquiatra Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos, assassinada em um quarto de hotel em Colatina, no fim de semana. O documento narra, que um investigador da Polícia Civil pegou ainda no sábado (2), data em que o corpo de Juliana foi encontrado, as imagens das câmeras de segurança do hotel.

Nas imagens, segundo a ocorrência, é possível ver um “entra e sai no quarto 362 durante a madrugada (de sábado (2), entre Fuvio e Robson”. Os dois foram presos suspeitos de feminicídio e homicídio, respectivamente. Fuvio Luziano Serafim (PL), era marido de Juliana. Robson Gonçalves dos Santos, 52 anos, era o motorista do casal.

Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos e a médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos. Crédito: Reprodução / Instagram

Cenário encontrado pela perícia

O Boletim de Ocorrência detalha o cenário do quarto encontrado pelos peritos. “Quarto de hotel todo revirado, garrafas de cerveja, sangue nas roupas de cama, corpo da senhora Juliana todo machucado, vidros de remédio quebrados e a janela do quarto aberta, o que levou os peritos a olharem se algo havia sido jogado do quarto, tendo sido identificado um frasco quebrado do medicamento Ketamin, do lado de fora, embaixo da janela do quarto 362 (onde Fuvio e Juliana) estavam hospedados”.

Ketamin, é um anestésico geral utilizado em procedimentos cirúrgicos, entretanto é usado por algumas pessoas como uma droga recreativa, devido aos efeitos alucinógenos que ela causa, proporcionando ao usuário a sensação de estar fora do seu corpo

Também no local onde o frasco do medicamento foi encontrado, havia “várias guimbas de cigarro”, diz a ocorrência.

Marido preso é ex-prefeito em MG

Preso no sábado (2), em Colatina, no Espírito Santo, suspeito de matar a atual mulher, a médica psiquiatra Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos, Fuvio Luziano Serafim (PL), de 44 anos, é administrador de uma empresa de laticínios e foi prefeito por dois mandatos seguidos em Catuji, Minas Gerais, de 2012 a 2020. Nas eleições, de 2020, emplacou a vitória da sucessora, a atual da prefeita da cidade Maria José de Oliveira (União Brasil), conhecida como Jô.

Fuvio Luziano Serafim (PL), de 44 anos, está preso suspeito de matar a companheira a médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos. Crédito: Reprodução / Instagram

O ex-prefeito de Catuji (MG), Fuvio Luziano Serafim (PL), de 44 anos, e motorista do casal, Robson Gonçalves dos Santos, 52 anos, foram presos em flagrante suspeitos de feminicídio e homicídio, respectivamente. Nesta segunda-feira (4), a Justiça ratificou a prisão em flagrante, e converteu em preventiva – por tempo indeterminado.

Médica encontrada morta

Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos, foi encontrada morta na manhã de sábado (2), com hematomas no corpo, em um quarto de hotel onde estava hospedada com o marido, em Colatina. A médica psiquiatra atuava em Teófilo Otoni (MG), cidade de 140 mil habitantes, onde o pai dela o também médico Samir Sagi El-Aouar, foi prefeito e vereador.

Laudo do Médico Legista

A Rede Notícia teve acesso a Declaração de Óbito emitida pelo Serviço Médico Legal (SML) de Colatina, que aponta as causas da morte da médica mineira Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos. Segundo o documento, Juliana morreu em decorrência de:

  • Hipoxemia: baixa concentração de oxigênio no sangue arterial;
  • Asfixia mecânica: impedimento direto da respiração, por oclusão dos orifícios respiratórios externos;
  • Broncoaspiração: entrada de substâncias estranhas, tais como alimentos e saliva, na via respiratória;
  • Traumatismo cranioencefálico: consiste em lesão física ao tecido cerebral que, temporária ou permanentemente, incapacita a função cerebral
Declaração de Óbito aponta causas da morte da médica Juliana Pimenta Ruas El-Auoar. Crédito: Serviço Médico Legal de Colatina

Detalhes do caso

Segundo a Polícia Militar, uma equipe foi acionada para verificar a informação de que teria ocorrido um assassinato em um hotel de Colatina, na manhã de sábado (2). No local, os PMs foram recebidos pelo gerente do hotel que informou que havia uma hóspede em um quarto com o marido, no terceiro andar, e em um quarto ao lado, o motorista do casal. Segundo o gerente, outros hóspedes reclamaram de barulho e bagunça vindos do quarto do casal durante a madrugada. Na manhã deste sábado, o marido da médica apareceu na recepção, alterado, querendo pagar a conta e alegando que a esposa estaria passando mal e teria desmaiado. O Samu/192 foi acionado, e constatou o óbito no local.

Para os policiais militares, o homem contou que a esposa fez um procedimento cirúrgico na sexta-feira (1), e em seguida, jantaram em uma churrascaria, e foram para o hotel dormir, por volta de 20h de sexta-feira (1). Na manhã de sábado (2), segundo a versão dele, a mulher amanheceu desmaiada.

O motorista do casal informou aos policiais, que foi chamado por Fuvio para ir ao quarto onde ele a mulher estavam hospedados, pois a médica havia caído no banheiro e precisava de ajuda. Segundo a PM, como houve informações divergentes, o marido da médica e o motorista do casal foram levados para a Delegacia Regional de Colatina.

Polícia diz que médica foi assassinada

A Polícia Civil informou que Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos foi autuado em flagrante por homicídio qualificado por motivo torpe mediante recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima, cometido contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio). Já o motorista do casal, Robson Gonçalves dos Santos, de 52 anos, foi autuado em flagrante por homicídio qualificado por motivo torpe mediante recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima. Ambos foram encaminhados ao sistema prisional. O caso seguirá sob investigação.

Sobre o caso