quinta-feira, novembro 13, 2025
spot_img
HomeBrasil“O câncer humilha a gente, nos joga no chão, mas ele não...

“O câncer humilha a gente, nos joga no chão, mas ele não é protagonista da minha vida”

Publicitária e servidora pública, Aniele Reis Valani iniciou sua batalha contra a doença e ela já passou pela segunda quimioterapia. O medo da morte foi uma das questões que invadiu sua mente, mas, hoje, Ani, como é mais conhecida, só pensa em cuidar de si e na cura

Dando continuidade à série de reportagens sobre o Outubro Rosa, a entrevistada de hoje é a publicitária e servidora pública, Aniele Reis Valani, 44 anos. Filha de Maria Nildes Santos dos Reis e Nemias Bispo dos Reis, Ani é casada com Lucas Valani Fonseca, e descobriu o câncer de mama ao realizar exames de rotina, após uma batalha mental.

Publicidade

A publicitária é de Salvador e há três anos mora em Nova Venécia. Atualmente, ela trabalha na Prefeitura, na Secretaria de Comunicação e foi por conta da admissão neste emprego, que ela iniciou a busca para cuidar da sua saúde. Confira!

» Ani já realizou duas quimioterapias: “Senti efeitos colaterais leves”

“Quando eu era criança, passei por uma cirurgia e a situação foi traumática para mim, por conta disso, há 20 anos eu não fazia um exame de sangue. Há seis meses precisei fazer, para entrar neste atual emprego que estou hoje. As sessões com psicólogo que me ajudaram, e até que enfim, realizei o exame. A partir daí, meu psicólogo sugeriu que, o cuidado com a saúde, prosseguisse, e, o próximo passo foi dado. Fui à ginecologista, e entre os exames, foi feita a ultrassom das mamas. Ali, já acendeu um alerta. Fui encaminhada ao mastologista, foi feita a biópsia, e então, ficamos esperando, longos 25 dias para esse resultado. Nessa hora, passa tudo pela cabeça e dá muito medo. Resolvemos, meu marido e eu, não abrir o resultado, preferimos ir ao psicólogo, e foi ele quem me deu o diagnóstico. E quando o resultado vem, é muito difícil, saber que eu estou com câncer de mama, abriu um buraco no chão. A gente nunca pensa que vai acontecer conosco. Foram duas primeiras semanas de luto, e pensei em muita coisa, inclusive, na morte. Pensei também, porque deixei de realizar certas coisas? Porque deixei para depois? Ai, entrei na terceira semana do diagnóstico. Chegou a vez de pensar em como seria a minha vida dali para frente, chegou a vez de pensar nas coisas práticas, como por exemplo, onde eu iria realizar o tratamento, pelo plano de saúde ou pelo SUS. Comecei a buscar muita informação na Internet, nas redes sociais, comecei a enxergar a história de outras mulheres que passaram ou passam pelo mesmo diagnóstico que eu, e isso me ajudou demais. Ao iniciar os exames, o plano de saúde começou a negar a realização de alguns, foi aí que procurei o SUS, foi a decisão mais bem tomada, consegui fazer os exames que precisava, e o tratamento está sendo no Hospital São José, em Colatina. O câncer que me atingiu é hormonal e serei induzida à menopausa. Meu marido e eu já tínhamos decidido a não ter filhos, antes disso tudo acontecer, então, esta parte para mim, está tranquila. No dia 1º de outubro, foi a minha primeira quimioterapia, que durou quatro horas. Saí bem do hospital, tive sintomas colaterais leves. Nesta semana tive infecção urinária, relatei aos profissionais que estão cuidando de mim em Colatina, pois tudo que acontece, é necessário comunicar, mas isso também está sendo cuidado. Me sinto muito bem acolhida no SUS, o atendimento é excelente, eu nunca havia precisado do atendimento público, estou achando fabuloso, o cuidado deles com a gente é grande.
Ainda farei a cirurgia, não sei como será, não sei se será retirada toda minha mama, ou quadrante, não sei. Me mantenho positiva e confiante em Deus, eu não sou o câncer, ele não pode me dominar. Ele humilha a gente, joga a gente no chão, mas, eu estou bem, quero estar com minha melhor roupa, maquiada, o câncer não pode ser protagonista da minha vida. Hoje eu não deixo nada para depois. Se estou a fim de fazer algo ou ir a algum lugar, eu vou. Eu saí da zona de conforto, eu vivia muito em casa, acomodada, deixava de fazer muitas coisas, agora, decidi viver, hoje enxergo a vida de outra forma. Meu cabelo caiu, eu me preparei para isso, foi um processo. Tinha o cabelo longo e fui cortando, fui curtindo os novos cortes, até cortar curtinho, eu amei. Mas, chegou a hora do cabelo cair, não é fácil. No dia que raspei, chorei bastante, minha maior questão era se, eu iria olhar no espelho e me reconhecer, e, me reconheci, estou aqui. Comprei 12 lenços, chapéu, boné, já a peruca não, acho artificial demais. Agora, quando passo pelas pessoas na rua, é a confirmação do câncer, essa doença caracteriza o paciente. Todo mundo que me vê, sabe que estou com câncer. Sobre a rede de apoio, é fundamental ter, quem está passando por isso, precisa, necessita. O meu marido está sendo fundamental nesta jornada, me ampara todo momento, mas, sabemos que muitos casamentos acabam neste período, porque, nem todos os homens ficam, pois agora, a protagonista precisa ser a mulher. Na vida, geralmente, o homem, ou ele está no mesmo nível que a mulher, ou ele é o protagonista da relação. E quando o câncer chega, tudo muda, a mulher vira protagonista o tempo inteiro. Meu marido fez vasectomia semana passada, parei de tomar anticoncepcional, como o câncer que tenho é hormonal, não é viável mais, tomar esta medicação. Foi uma grande prova de amor que ele me deu, o homem, em geral, na verdade, não quer fazer esse procedimento. Meus pais e meus irmãos, mesmo longe, estão sendo fundamentais, também. É até melhor que eu esteja longe, acho que é menor o sofrimento para eles. Não quero romantinzar o câncer, não é nada simples e nem fácil, mas, até aqui, Deus tem me sustentado, as orações de todos têm me ajudado demais. Aqui, deixo um recado para quem negligencia a saúde, não faça como eu, façam os exames anualmente, é prioridade na vida da mulher. Eu poderia ter descoberto antes, bem no início, e não foi o que aconteceu. Façam seus exames. Para as mulheres que estão na mesma jornada que eu, não desistam, mais de 95% do câncer de mama tem cura, a medicina está evoluída”, Aniele Reis Valani, 44 anos.

» Casada com Lucas Valani Fonseca, o casal vem enfrentando o momento unidos. “Ele já me deu uma grande prova de amor”, pontua Ani
ARTIGOS RELACIONADOS
Anuncie Aqui!
Publicidade

EM DESTAQUE