Nova Venécia vive uma das piores secas da história e, a estiagem, que afeta o município inteiro, é ainda pior na região do interior, já que a necessidade de água para a irrigação, associado ao aspectos da vegetação, o setor agropecuário, vivencia um momento critico, que poderá causar vários danos à economia local.
No centro, onde passa o rio Cricaré, várias localidades já estão abaixo dos níveis normais do afluente, no interior, onde tem o rio Muniz e o 15 de Novembro, por exemplo, o curso da água cortou, sendo observadas somente bacias, assim, como acontece no Córrego da Serra, e Córrego Boa Esperança (Serra de Cima e de Baixo).
Dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apontam que Nova Venécia vive estado crítico, em relação à décadas anteriores.
As estatísticas apontam que, entre os anos de 2003 a 2013, o município teve um volume de 11.792.89 milímetros de chuva. Já entre 2012 a 2023, a média foi de 10.133,27 milímetros. Lá atrás, em 1983 a 1992, dados apontam12.814 milímetros de chuva. “Nos últimos 10 anos, por exemplo, duplicamos a cafeicultura, saímos de cerca de 7 mil hectares de café, para 15 mil hectares, além de outras culturas. É bom lembrar também, que, a irrigação das plantações, com o uso de água de barragens e captação da água dos rios e córregos, chegaram em larga escala no início da década de 1990, antes, quase tudo era molhado de forma natural, através da chuva”, explica Moizés Marré, extensionista do Incaper.
Dados por ano
Neste ano, até o dia que esta reportagem foi produzida, último dia 20, a quantidade de chuva em Nova Venécia foi de 646,7 milímetros, tendo os meses de janeiro e fevereiro, responsáveis por 68% de chuva, nos meses de julho e agosto, choveu respectivamente, 1,3 milímetro. Já em 2023, choveu 692 milímetros, tendo janeiro, responsável por 32% das chuvas. “Se somarmos, e comparamos as décadas de 1980, 1990, 2000, até 2010, temos uma média boa de chuva, daí para frente, temos déficit hídrico, isso é muito preocupante”, fala Moizes., que ainda completa: “Para ter uma ideia, lá atrás, nas década de 80, a chuva era regular, e o período de estiagem, era menos tempo e os ciclos mais prolongados”, explica.
Em 2015, 588 milímetros de chuva e em 2014, 730 milímetros anual, sendo um pouco a mais do que choveu na enchente de dezembro de 2013, 473,4 milímetros, somente em um mês, somando o ano todo, 1.094 milímetros de chuva.
Propriedades rurais e barragens
De acordo com os dados do Incaper, Nova Venécia tem em média, 3,4 mil unidades de propriedades de agricultura familiar e não familiar, sendo que, 2.439 são propriedades de agriculturas familiares. Já as barragens o órgão aponta mais de 2,5 mil. “Nós temos um cenário com menos chuvas, que são ainda concentradas em alguns meses, o solo, através do cuidados que damos a ele, perde a capacidade de armazenamento das águas das chuvas; o aumento de áreas irrigadas. Estes fatores diminuem a água corrente nos rio, nos córregos. Aumentamos as barragens, mas elas vão ser abastecidas com que, se há a escassez de chuva?”, narra.
“EM RELAÇÃO À SECA PRECISAMOS FAZER ALGUMAS ANALISES”
“Primeiro, precisamos contextualizar que, Nova Venécia não é uma ilha. Segundo, vivemos em um passado recente um negacionismo, de que a ciência, a natureza são negadas, até dia do fogo foi criado. Terceiro, o ser humano, a sociedade, se organiza para tudo, para festa, futebol, eventos, menos para discutir o clima. Quarto, só começamos a sentir os efeitos climáticos, após a estiagem, atingir o bolso, quando a água começa a faltar para irrigar as plantações, indústrias. Quinto, a nossa preocupação está voltada somente na falta da água, não na qualidade. Sabe-se que 66,3% da água que chega às nossas torneiras, estão contaminadas por agrotóxicos. Quando a sociedade VAI parar para PENSAR, a discutir isso? É preciso que sociedade civil organizada, consumidores de água, de alimentos, parem para discutir a questão hídrica, não somente na seca, mas comece trabalhar as causas das mudanças climáticas, isso é mais profundo. nas causas, encontraremos as soluções, que vale destacar que, no caso do clima, as soluções não são solucionar problemas corriqueiros, mas sim, para tentarmos deixar algo para as próximas gerações, pois, se nós continuarmos com essa matriz produtivista, não haverá futuro nesse planeta para o ser dotado de inteligência – o ser humano”.
Moizés Marré, extensionista do Incaper, Tecnólogo em Agronegócio, com especialização em Geografia e Meio Ambiente
Volume de chuva por década
1983 a 1992 – volume de 12.814 milímetros de chuva
2003 a 2013 – volume de 11.792.89 milímetros de chuva
2012 a 2023 – volume de 10.133,27 milímetros de chuva
Volume de chuva por ano
2011 – 1038,2 milímetros de chuva
2012 – 795,8 milímetros de chuva
2013 – 869,7 milímetros de chuva
2014 –730,8 milímetros de chuva
2015 – 462,6 milímetros de chuva
2016 – 870,7 milímetros de chuva
2017 – 828,9 milímetros de chuva
2018 – 1440,4 milímetros de chuva
2019 – 768,8 milímetros de chuva
2020 – 908,8 milímetros de chuva
2021 – 1152,7 milímetros de chuva
2022 – 1407,87 milímetros de chuva
2023 – 692 milímetros de chuva
2024 – 646,7 milímetros de chuva