A produtora rural, Tainá Camara Pianissoli, 35 anos, descobriu que está com câncer de mama, quando tinha apenas sete meses de casada. Ela e o marido, o Walace Freislebem, estão agora, junto com seus familiares, enfrentando a batalha que é o tratamento. O autoexame foi o pontapé inicial, para que Tainá notasse que existia um nódulo em seu seio. A partir daí, até o diagnóstico, foram poucos dias que separaram a incerteza, da certeza de que, ela teria que enfrentar a doença. A reportagem é a terceira da série, que a Rede Notícia vem realizando sobre Outubro Rosa. Confira!

“Na hora do banho, fiz o exame de toque, e notei um nódulo em meu seio, tinha algo estranho. Isso era um sábado, foi dia 28 de junho deste ano. Na segunda-feira, eu já estava em uma clínica, realizando a ultrassom. O médico que fez o exame me falou para eu continuar minha vida normal, que era só um cisto, que era para eu ir ao ginecologista, que ele iria me passar um remédio, e esse nódulo iria se desfazer. Em uma conversa informal com uma amiga, comentei sobre o fato, e ela sugeriu que eu procurasse um especialista. Aquele conselho caiu do céu, foi Deus. Falei na hora para meu marido, e ele já me falou para eu marcar. Fui para a mastologista fora da cidade. Foi repetido o exame e ela na hora, falou que aquele nódulo poderia ser tudo, menos um cisto. Fiz a biópsia no dia 11 de julho, e o resultado, foi positivo, a médica me falou que eu estava com câncer de mama. Meu mundo se abriu, um buraco abriu no chão, eu logo pensei na morte, na hora, a única certeza que eu tinha, é que eu iria morrer, meu mundo desabou. Aí veio uma mistura de pensamentos, de como seria a minha vida dali para frente. Será que eu teria qualidade de vida? Pensei que tinha chegado o meu fim, chorei muito, é um diagnóstico muito forte, até porque, a gente pensa que tem informações, mas, não temos, falta muita informação para a mulher. Eu estava com apenas sete meses de casada, meu marido e eu, estávamos cheios de sonhos e com muitas coisas a realizar, pensei muito nisso, também. Mas, tivemos que ir para a prática, e assim, exames e consultas foram marcadas. É exaustivo, foram muitas viagens para Vitória, para deixar tudo pronto, para iniciar o tratamento. Até ai, eu estava fazendo tudo pelo particular. Quando os exames estavam prontos, começaram as quimioterapias, foi o momento que aderi ao SUS. Dia 05 de agosto foi a minha primeira quimioterapia, me senti aliviada, não tive medo, meu esposo e eu, olhamos um para o outro na hora que começou, a sensação era de gratidão, porque, chegou o momento do processo de cura. Estou na 11ª quimioterapia, farei 16 ao total, mais radioterapias, e a cirurgia, tudo termina ano que vem, e hoje, tenho a certeza da cura, eu estou viva e continuarei, serei curada. Sobre meu cabelo, não caiu totalmente, mas, vai cair e como estou na quimioterapia branca ainda, quando eu passar para a vermelha, irei raspas. Essa doença é complicada, porque, as pessoas não têm informação que deveria ter, eu não tinha também, a gente só acha que tem, mas, não é verdade. Tive que ouvir, da boca de mulheres, elas me perguntando, se eu não me tocava direito, como não descobri o nódulo antes? Isso aconteceu com as primeiras pessoas de fora da família, que contei. Aí veio aquela sensação de culpa, fiquei com vergonha e parei de falar sobre isso por m tempo. Até que decidi falar, abri minhas redes sociais, e vi o tanto de mensagem de retorno que recebi, o momento que estou passando. As mulheres têm muitas dúvidas e estou podendo ajudar. Também, estamos na campanha Outubro Rosa, levando nossos depoimentos. A gente acha que não, mas, o câncer de mama ainda é um tabu, e isso precisa mudar, é preciso falar. Já em relação a rede de apoio, estou recendo total apoio do meu marido, ele não me deixa em momento algum. Toda a minha família e a dele estão sendo maravilhosas, os amigos de verdade também, e isso, gente, é importante demais. Se me perguntar qual foi o momento mais difícil nesta jornada, foi na hora que recebi o diagnóstico, pois agora, estou confiante. Eu sei que estou em boas mãos perante a medicina e amparada por Deus. O SUS tem sido maravilhoso. Faço tratamento no Hospital Santa Rita, em Vitória. Eles são fantásticos, desde o tratamento ao acolhimento, não tenho nada a reclamar, só a agradecer. Por onde passo, a pergunta que mais fazem, é qual sintoma que tive? Nenhum. Mulheres, não esperem sintomas, façam o autoexame, façam seus exames com frequencia, vá ao médico e procure sempre um especialista, o diagnóstico, quanto antes, melhor. Eu sempre fiz meus exames, sempre estive em minhas consultas, e foi por eu ter feito o exame de toque, que descobri que algo estava errado. Ultrassom de mama e mamografia, como em minha idade não é recomendado, eu não tinha feito. Hoje, não vejo o mundo como antes mais, se tem uma coisa que essa doença me trouxe, foi a reflexão da vida. Um abraço, o nascer do sol, um sorriso, vejo isso com maior felicidade e dou muito valor. Não enxergo mais o mundo como antes, existem coisas que já não fazem diferença para mim mais. Vivo um dia de cada vez, e com a certeza de que, aqueles sonhos e os planos que meu marido e eu fizemos para a vida, vamos realizar todos, tenho fé e não tenho dúvidas”, Tainá Camara Pianissoli, 35 anos.






