Dificuldades superadas por mulheres de verdade
Para evidenciar o Dia Internacional da Mulher, A Notícia traz hoje histórias de mulheres que venceram desafios, enfrentaram barreiras e superaram fatos diferentes em suas vidas.
Uma das entrevistadas é a psicóloga Fernanda Kefler, que por muito pouco não morreu asfixiada nas mãos daquele que era seu marido. Torturada durante toda a madrugada e tendo seu caso visto nos noticiários estadual, hoje a profissional ergueu sua vida, voltou a trabalhar e dessa vez, vive um relacionamento saudável.
Na reportagem ainda tem a narrativa da Alcilene, que perdeu gêmeos, depois uma menina com 17 dias, para só então conseguir ser mãe do Isaac.
O outro caso é da Jamile, que através de dieta e alimentação equilibrada, venceu seus próprios limites e perdeu 50 quilos.
A vez das páginas especiais de A Notícia é contar histórias de superação de quem teve que enfrentar barreiras para depois, mudar de vida. Um dos enredos trata-se de violência doméstica em Vila Valério, onde a vítima, por pouco não morreu nas mãos daquele que era seu marido. Outra narrativa é sobre uma veneciana que só conseguiu realizar o sonho de ser mãe, na terceira gravidez. Tem ainda outra mulher, também de Nova Venécia, que venceu seus limites, e perdeu 50 quilos em pouco mais de dois anos.
A dona de casa Alcilene Rodrigues Dias, 37, tem uma marcante história de superação. Há 10 anos ela estava pronta para realizar o maior sonho da sua vida, o de ser mãe. Grávida de gêmeos, aos três meses de gestação, a moradora do Monte Castelo teve um aborto espontâneo. Seis anos depois, nova gravidez. Dessa vez, a Laura chegou a nascer. Mas a mãe teve eclampsia e no parto, os médicos chamaram o marido da Alcilene e disseram que iria tentar salvar as duas, mas que poderiam ter que optar por uma delas. A menina veio ao mundo de 7 meses, e no décimo sétimo dia, a Laura faleceu devido a uma broncoaspiração ao leite materno. A bebê estava internada em Colatina desde que nasceu, na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin). A tragédia deu lugar ao luto vivido pela dona de casa, que além de ter que conviver com a morte da filha, vivia com a realidade e o medo de não realizar o maior sonho de sua vida. Até que um dia ela decidiu ir ao médico, e por lá, foi começado um tratamento. Hoje, o Isaac está aí, o menino nasceu saudável, de 39 semanas, e mesmo com a gravidez de risco, Alcilene é categórica. “Aconselho a todas as mulheres que desejam a maternidade, a seguir a medicina e se apagar a Deus, que foi meu alicerce. Sou muito feliz e mesmo com a tristeza de ter perdido meus filhos nas gravidez anteriores, meu marido e eu só temos a comemorar pela vida do Isaac”, fala.

Uma nova mulher
A Jamile Batista de Souza, 30 anos, conseguiu vencer seus limites e se superar depois de perder 50 quilos. Com diagnóstico de obesidade grau 3, esteatose hepática (gordura no fígado), a advogada notou que algo precisava fazer. Gordinha desde a infância, ela que mede 1,60 cm, e chegou a pesar 123 quilos aos 28 anos. “Eu tinha dificuldade para subir escada, e para fazer as tarefas do dia a dia, tinha medo de sentar numa cadeira de plástico e ela quebrar”, diz. Com laudo para realizar uma bariátrica, Jamile decidiu seguir outro caminho: nutricionista e exercício físico, mais acompanhamento psicológico. Há pouco mais de dois anos de uma vida saudável, a advogada utiliza as redes sociais para dividir suas experiências e busca no canal digital, apoio e dá dicas para que outras pessoas possam chegar a evolução que ela chegou, ou além. “Hoje compartilho meu cotidiano, rotina alimentar e dificuldades do processo no meu Instagram, quem quiser, pode acessar que vai encontrar muita coisa legal”, fala. Intasgram da Jamile: @jamillebsousa

“Ele quase me matou asfixiada. Fui torturada por horas”
Fernanda Kefler, 33 anos, foi casada, teve dois filhos e uma tentativa de homicídio com o homem que conviveu desde os 15 anos de idade. Produtor rural e sete anos mais velho, desde o início do relacionamento, a moradora de Vila Valério notou o temperamento difícil, agressões verbais e uma personalidade complicada de um homem controlador. Com dois filhos, hoje uma menina de 14 anos e o menino de seis, em 2017, o então marido tentou a matar. Os dois haviam ficado separados já há dois anos, voltaram, mas como não deu certo, Fernanda, que é psicóloga, pediu a separação. O maior pesadelo da vida dela aconteceu nos 30 dias que marido e mulher estavam separados de corpos, porém, morando na mesma casa. Depois de quase morrer asfixiada por um lençol pelo então na época marido, hoje Fernanda deu a volta por cima, voltou a trabalhar em sua profissão, conseguiu levar sua vida adiante depois de muitas terapias, e está em um novo relacionamento.
Com o ex-marido, a psicóloga começou o relacionamento aos 15 anos, três anos depois, estava casada. O então marido era conhecido da cidade por um temperamento agressivo verbal. Mesmo diante disso, a paixão da época foi mais forte que a personalidade daquele que iria se tornar seu algoz. Numa noite, após o pedido de separação ter sido feito há dias, foi o momento que a Fernanda diz ter vivido as piores horas de sua vida. “Ele me amarrou, asfixiou, me bateu por horas, só parou quando eu tive a ideia de falar que ainda o amava, e que iriamos voltar”, conta.
A psicóloga ficou das 21h até às 4h da manhã sofrendo tortura física e psicológica. Em várias vezes, o então marido, afirmou que iria a amarrar em uma carro e sair puxando-a viva. Os dois filhos do casal estava em outro quarto da casa, dormindo, e nada presenciaram. Depois que conseguiu se livrar das agressões, o homem foi dormir, e a Fernanda ligou então para a família e polícia. “Ao passar por tudo isso, ainda fui para delegacia, ele foi preso em flagrante, somente depois pude ir para o hospital, e foi feito o exame de copo delito”, diz.
Fernanda é o retrato que ajuda acrescentar as estatísticas de violência doméstica no País. Categórica nas explicações, a moradora de Vila Valério acredita que o ex-marido tinha dado sinais de que algo mais grave poderia acontecer e que se ela tivesse se atentado a isso, poderia ter evitado o pior dia de sua vida, que é assim que a psicóloga descreve. “Além das agressões verbais que sempre sofria, encontrei no celular dele uma pesquisa de como matar por asfixia. Quando questionei, ele deu uma desculpa e eu acreditei. Além disso, nós havíamos ficado separados por dois anos, não era para termos voltado, ele ficou atrás de mim e eu acabei cedendo, mas também não havia mais amor”, fala.
Após o acontecimento, a Polícia descobriu 22 cartas que o produtor rural escreveu, detalhando a forma que cometeria o assassinato, estavam dentro do carro dele. Preso em regime fechado por tentativa de homicídio, porte ilegal de arma, enquadrado na Lei Maria da Penha, o homem saiu da prisão ano passado. “Depois de tratamento psicológico e muito investir em mim, superei e pude voltar a ter uma vida normal. Tenho um novo relacionamento, dessa vez, totalmente diferente, sou mais autoconfiante, não ficarei mais com alguém que me desrespeite”, diz.
De acordo com a Fernanda, os filhos e a família foram alicerces para que ela desse a volta por cima e hoje poder desfrutar a vida de forma saudável. “Ele sempre foi controlador, a mulher precisa ficar atenta para as atitudes de quem convive. O agressor nunca vai se posicionar diante o processo de violência doméstica, quem tem que mudar e decidir, é quem está vivendo essa tragédia, isso pode ser vital”, fala.
Ainda, a psicóloga garante que o apoio da família é um dos fatores necessários que contribuem para que quem vive violência doméstica, possa se livrar do pesadelo. “Sem apoio a mulher não consegue sair desse ciclo, é importante deixar isso claro, a mulher não gosta e não quer viver isso”, finaliza.
