Após a megaoperação realizada pela polícia nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortos na última terça-feira (28), moradores das comunidades se mobilizaram para resgatar corpos deixados em uma área de mata conhecida como Vacaria, na divisa entre as duas favelas.
Desde a noite de terça, por volta das 21h, um grupo formado por voluntários e familiares das vítimas tem se empenhado em recolher os corpos e levá-los até a Praça do Inter, na Vila Cruzeiro. Um dos voluntários, um motoboy de 31 anos que vive no Complexo da Penha, contou que o grupo pretendia iniciar os resgates por volta das 18h, mas os disparos ainda ouvidos na região atrasaram a ação em cerca de três horas.
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Ao chegar ao local, ele descreveu uma cena de horror:
— Foi um filme de terror. Para onde olhava, as trilhas tinham cinco corpos. O cheiro de gás lacrimogêneo ainda incomodava. Tinham também rastros de sangue — relatou o motoboy, que preferiu não se identificar.
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Segundo ele, os primeiros corpos foram levados em uma kombi até o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, o mais próximo da área. Durante o trabalho, o grupo chegou a ser abordado por policiais, que teriam afirmado que os voluntários seriam levados à delegacia. Por segurança, os demais corpos foram deixados em frente à Creche do Parque Proletário, também na Vila Cruzeiro.
— Encontramos um deles com uma granada na mão e outra sem pino, aparentemente. Então deixamos lá, não sabíamos o que fazer. A angústia é grande, uma tristeza. Conhecia muitos desde a infância, mas alguns mudaram de vida depois — disse.
O morador ainda afirmou que a forma como alguns corpos foram encontrados indicava possíveis execuções:
— Tinha gente amarrada, com tiro na testa.
Durante a manhã desta quarta-feira (29), moradores exibiram faixas em protesto contra o governo estadual e a condução da operação policial.
*Com informações de O Globo





