A afirmação é de uma criança abusada sexualmente, que ao invés da proteção materna, precisou se calar, e conviver do jeito que seu agressor planejou
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi nesta última quinta-feira, 18. Para informar e alertar à população sobre a data, o Jornal A Notícia veicula hoje, uma matéria mostrando também, o trabalho fundamental, dedicado e de total importância para a sociedade, o do Conselho Tutelar de Nova Venécia.
Engajados na defesa da criança e do adolescente, conselheiros tutelares revelam suas difíceis e fundamentais missões de todos os dias, que encube também em salvar vidas.

No trabalho destes profissionais, a retórica de que mães sabem que a filha está sendo abusada pelos padrastos, lideram as estatísticas. A idade do agressor varia, mas o maior índice, é dos 40 aos 60 anos. Mas avós, pais, pais de padrastos, vizinhos, e muitos outros familiares, permanecem sucessivamente, na lista dos abusadores. Comida e o sustento provido pelo criminoso, é o maior motivo da mãe da criança abusada, continuar na grande maioria das vezes, com o agressor.
“Estes fatos são corriqueiros em nossa rotina de trabalho. Na grande maioria, chegamos até ao caso, através de denúncia. Com a nossa presença no local, geralmente, o agressor acaba saindo despistadamente do lar, naquele momento. Se não há flagrante, fica mais difícil o caso. As vezes resulta em prisão, outras não”, diz Cecilia Fávero Ferrari, uma das conselheiras.
O trabalho dos conselheiros funciona 24 horas por dia, em sistema de plantão. Quando necessário, a equipe conta com o apoio da Polícia Militar.
“Nosso trabalho é bastante delicado. É preciso ter muito discernimento. Recebemos agressões verbais e quase nunca somos bem recebidos. Mas no fim, a sensação é de dever cumprido”, fala outra conselheira, Verônica Peruche.
Compondo o quadro do Conselho, Kerllon Vilella e a equipe revelam que, de acordo com o atendimento do órgão em Nova Venécia, a Classe C,D e E, são as mais incidentes dos abuso infantil e de adolescentes, mas que também já fez parte da lista, caso dentro da Classe B veneciana.
Além dos conselheiros citados, Elaides Alves Damaceno e Bruno de Almeida, somam a equipe.
FATOS VERÍDICOS
Aos quatro anos de idade, uma criança em Nova Venécia foi estuprada. O agressor? O padrasto. A mãe? A mãe sabia, acobertava o companheiro e chegou a defendê-lo após denúncia. A menina chorava muito, estava com medo e assustada. Em outro caso, uma garotinha de oito anos, foi abusada sexualmente por três primos. Muito machucada, ela precisou ser encaminhada para o hospital, e em seguida, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), foi o que a salvou da morte.
Em uma casa com vários filhos, o irmão mais velho, foi abusado sexualmente no próprio lar e aos 12 anos, começou a ter relações com a irmã, que tinha oito anos. Em uma outra família, o pai engravidou a filha, o bebê nasceu e com certeza a história não teve um final feliz para sempre.
Em um outro lar, o padrasto abusava da criança, que nem 10 anos tinha. A mãe sabia, mas fingiu não ter conhecimento do fato, até onde pode. Depois, acabou confessando que acobertava o crime, e a reação? Raiva de quem denunciou e surpreendentemente, continuou morando junto com o estuprador da sua filha, o padrasto.
Todos estes relatos e muitos outros, são histórias verídicas, que aconteceram em Nova Venécia, e de repente, até mesmo ao lado da casa de quem está lendo esta reportagem. A violência sexual contra crianças e adolescentes, não escolhe classe social e pode estar presente em qualquer ambiente. Silenciosa, íntima e dolorosa, quem vive este pesadelo ou já viveu, provavelmente, jamais vai esquecer os enormes danos físicos e psicológicos. Para preservar a identidade das vítimas, os nomes não foram revelados pelo Conselho Tutelar. Os detalhes sórdidos das histórias, também não foram descritos, como forma de respeito aos sofridos personagens principais deste crime, que quando não mata fisicamente a vítima, acaba-lhe a alma.
Identidade não é revelada, denuncie
Denúncia sobre caso de abuso sexual infantil e de adolescente pode ser feita através do Disque 100, um canal criado para manter a integridade e o anonimato de quem denuncia. É bom lembrar, que o sigilo telefônico da ligação acontece em todos os casos, ou seja, não há como saber quem é o denunciante.
Outro meio de fazer denúncias é através do telefone de plantão do Conselho Tutelar de Nova Venécia (27) 99941-4328/3752-9034 ou pelo 181 ou 127.
É importante esclarecer, que abuso sexual não condiz apenas em penetração; atos libidinosos também fazem parte do crime. O abuso sexual acontece quando um adulto utiliza o corpo de uma criança para satisfação sexual, com ou sem uso de violência física. Já a exploração sexual acontece quando crianças e adolescentes são usadas em atividades sexuais remuneradas, como a prostituição.
Caso Araceli e o 18 de maio
Araceli Cabrera Crespo tinha 8 anos quando foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada, no Espírito Santo, em 1973. Quinta-feira (18), o desaparecimento da menina completou 44 anos, e ninguém foi punido pelo crime.
Em memória à menina, vítima de um dos maiores crimes infantil no País na época, o dia 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, com a aprovação da Lei Federal 9.970/2000.
Era uma sexta-feira, quando Araceli saiu de casa, no bairro de Fátima, na Serra, e foi para a Escola São Pedro, na Praia do Suá, em Vitória. No dia, a menina saiu da escola mais cedo, a pedido da mãe, Lola Cabrera Crespo.
Segundo a mãe, Araceli precisava sair antes da aula terminar, porque poderia perder o ônibus que a levaria de volta para casa.
Após sair da escola, ela foi vista por um adolescente em um bar entre o cruzamento das avenidas Ferreira Coelho e César Hilal, em Vitória.
Ainda de acordo com esse adolescente, a menina não entrou no coletivo e ficou brincando com um gato no estabelecimento. Depois disso, Araceli não foi mais vista. À noite, o pai, Gabriel Sanchez Crespo, iniciou as buscas.
No dia 24 de maio, o corpo de uma criança foi encontrado desfigurado e em avançado estado de decomposição, em uma mata atrás do Hospital Infantil, em Vitória.
Inicialmente, o pai de Araceli reconheceu o corpo como sendo da menina, mas em seguida, negou o fato. Após exames chegaram as provas de que o corpo era mesmo de Araceli.
Para elucidar o crime, a Justiça chegou a três principais suspeitos: Dante de Barros Michelini (o Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e Paulo Constanteen Helal; todos membros de tradicionais e influentes famílias do Espírito Santo.
Depois de investigações e diversas fases na justiça, o processo chegou ao juiz Paulo Copolilo, que gastou cinco anos para estudar o caso.
Assim, Copolito escreveu uma sentença de mais de 700 páginas, que absolvia os acusados por falta de provas.
Paulo Helal recebeu honrarias da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) por ser o primeiro maçom do Estado. Já a via mais famosa de Vitória, chama-se Avenida Dante Michelini.
Barrigueira participa da XX Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios
O Prefeito de Nova Venécia, Lubiana Barrigueira (PSB), participou esta semana da XX Marcha à Brasília em Defesa dos Municípios. A ação aconteceu nesta semana e teve apoio direto da União Europeia, com a presença do diplomata João Gomes Cravinho, embaixador em Brasília.
Em duas décadas de mobilização, a Marcha se consolidou como o maior evento político em número de autoridades do mundo. Liderada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), as conquistas já superam a marca de R$500 bilhões em recursos destinados aos municípios brasileiros.
De acordo com Barrigueira, a participação de prefeitos no evento é fundamental para promover a interiorização dos serviços. “Esta mobilização é uma porta para que os municípios consigam viabilizar recursos. A CNM é uma parceira e tanto. É através dela que conseguimos alcançar bons resultados. Exemplos claros da importância dessa Marcha são o debate em relação ao municipalismo para discussão e alinhamento dos interesses dos municípios e as conquistas dos 2% a mais que os municípios conseguiram na distribuição do FPM e o recurso da repatriação que já recebemos no ano passado. O Governo Federal já anunciou R$ 6 bilhões para ser dividido entre os municípios brasileiros este ano. São tudo conquistas desse movimento”, afirmou o Prefeito.
Outro fator importante citado por Barrigueira foi a renegociação de dívidas junto ao INSS. “Os municípios conseguiram a anistia dos juros e multas, além de prolongar a dívida de acordo com a realidade de cada um. Vale lembrar que, metade dos municípios brasileiros não conseguem certidões negativas devido a dívidas junto ao INSS. Ao contrário disso, Nova Venécia está com as contas em dia, o que é primordial para que o Governo libere recursos para a execução de projetos”, finalizou.
Com a reunião de mais de 7 mil participantes, a XX Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios representou a importância da força da união dos gestores. As conquistas desses quatro dias de evento foram destacadas na solenidade de encerramento, com a leitura da Carta da Marcha.
O documento foi lido pelo tesoureiro, Hugo Lembeck. Antes da leitura do documento, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, destacou a importância das conquistas obtidas. “Foi um grande avanço que tivemos nessa Marcha”, comemorou, citando as principais conquistas.
Conquistas
Entre os destaques apontados pelos municipalistas estão os avanços obtidos em relação à pauta de reivindicações dos municípios, como a assinatura de medida provisória que possibilita o parcelamento da dívida previdenciária dos entes locais em 200 meses – com 80% de desconto nos juros e 25% na mora e na correção monetária, “sendo estas as melhores condições dos últimos 20 anos”, destaca a Carta. Também esteve presente na abertura da Marcha um representante da Organização das Nações Unidas (ONU).
O ano de 1998 marcou o surgimento de um movimento capaz de unir prefeitos dos 5.568 municípios brasileiros e dar voz aos prefeitos e beneficiar milhares de cidadãos. Até aquele momento, os municípios tinham pouca força e, como consequência, enfrentavam um pacto federativo cada vez mais desigual.
Recursos para
infraestrutura
Durante sua ida a Brasília esta semana, o prefeito Lubiana Barrigueira aproveitou para ir ao gabinete do senador Ricardo Ferraço onde protocolou documento solicitando recursos junto ao Ministério das Cidades para calçamentos no bairro Aeroporto. Em seguida, Barrigueira se dirigiu ao gabinete da senadora Rose de Freitas onde protocolou novo documento solicitando à Funasa recursos para que seja executado o projeto de esgotamento sanitário do bairro. “Não estamos medindo esforços para contemplar os bairros que ainda carecem de infraestrutura em nosso município. Contamos com o apoio dos senadores, Ricardo Ferraço e Rose de Freitas, que sempre receberam de braços abertos as nossas reivindicações, para que possamos realizar esse grande sonho que é levar qualidade de vida à população. Nossos projetos estão prontos e agora dependem de recursos para a execução”, concluiu Barrigueira.
No brasil
A cada hora 228 crianças são exploradas sexualmente em países da América Latina e do Caribe. E, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil está no topo dessa lista. Apenas em 2016, o Disque Denúncia Nacional (Disque 100), recebeu 77.290 relatos de violação dos direitos das crianças e adolescentes. São 211 casos por dia. Em épocas de grandes eventos nacionais e durante o carnaval, o número de casos em que crianças são abusadas sexualmente sobe ainda mais. O período entre 5 e 24 de fevereiro de 2016, temporada da festa, foi responsável por 17,4% de todas as denúncias do ano.
Nova Venécia
De acordo com a Coordenadora do Centro de Referência, Renata Vieira de Lima, somente em Nova Venécia, cerca de 25 casos de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes estão sendo acompanhado por uma equipe do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social).





