A segunda série da reportagem fala sobre a pobreza extrema, estrutura e a forma que os indianos encaram tudo isso
A Índia é sem dúvida alguma, um País diferente da maioria dos outros, mundo afora. A cultura popular e a espiritualidade são afloradas por lá, coisas que já foram relatadas na outra reportagem veiculada na quinta-feira, dia 16. Falar da Índia e saber sobre o local pode ser fácil, é só pesquisar. Mas não é este enfoque que A Notícia está querendo passar aos leitores. O jornal resolveu continuar mostrando um pouco daquele País, através do olhar da veneciana, Luciana Fiel, 43 anos, que já foi protagonista da nossa matéria anterior.
A estrutura, transporte, educação e a culinária serão evidenciadas aqui, e principalmente o jeito que os indianos vivem.
Uma Luciana antes, outra depois

“A experiência que vivi na Índia, foi de transcendência. Eu achava que nós tínhamos pobreza, e indo para lá, vi que somos um povo muito rico. A gente tem riqueza de potencial ecológico e natural. A gente não sabe o que é viver necessidade básica. Lá se vê milhões e milhões de pessoas passando fome, isso inclusive nos principais centros do País. E o impressionante disso tudo, é que o povo é grato. A gratidão na Índia é algo comum, eles aceitam que aquilo que estão vivendo é apenas uma situação, é um corpo físico. Os sadhus (aqueles homens de cabelos e barbas enormes) eles estão ali sujos, com a unha e cabelos grandes, mas têm alma elevadíssima, serenidade, equilíbrio e transpiram paz. O tempo todo na Índia se vê que, a condição física do povo daquele País, não é uma prioridade, pois eles sabem que estão ali de passagem, que o mais importante é a espiritualidade, é a conecção que eles fazem com os Deuses que acreditam, principalmente os hindus. Quando eu falo de espiritualidade, é a espiritualidade prática, é a aceitação, a persistência, é a amorosidade. Outra coisa que os indianos presam muito é o respeito, e isso, principalmente pelos mais velhos. Cumprimentam abaixando e tocando os pés. Sem contar que, as pessoas lá se ajudam muito, se apoiam, tem companheirismo. Os casais não podem se beijar no rosto em público, mas os amigos homens podem. Andam de mãos dadas, e não são gays, são costumes, curiosidades que fazem da Índia um lugar tão especial e único. Penso que toda experiência te coloca para frente, as culturas nos ensinam muito. As circunstâncias de um País que tem precariedade de necessidade básica, numa quantidade enorme, que nada chega nem perto do que vivemos aqui, e que mesmo assim vivem uma espiritualidade enorme. Me fez sentir a presença de Deus de outra forma, me fez ver o cuidado de Deus em cada momento da minha vida, voltei mais consciente, mas comprometida com meus valores. Voltei olhando mais para mim, mais consciente, mais comprometida e fazendo da minha vida melhor, me fazendo ter mais tempo, mais saúde. Voltei com um processo de auto amor. Existe uma Luciana antes da Índia e outra depois”.
Vivendo na Índia
A simplicidade da maioria das pessoas Indianas, e o modo de vida é algo que deixa qualquer ser humano comovido, já que é notório que eles são felizes com muito pouco. “A população toma banho na rua, busca água na rua para cozinhar e em geral, não existe coleta de lixo. Mulheres trabalham muito, carregam peso, muita gente vive no famoso Ganges, que é o Rio mais sagrado e poluído do mundo”, conta Luciana.
Outro diferencial da Índia é Varanasi, a cidade mais sagrada para os hindus e onde acontecem as famosas cerimônias de cremação às margens do Ganges. Há relatos que milhares de corpos são vistos boiando por lá.
Estrutura e locomoção
Quem visita a Índia, geralmente, vai dar muito valor às pequenas mordomias que existem no mundo ocidental – como, por exemplo, encontrar todos os itens de mercado em um só lugar e ter em sua cidade, mesmo que esta seja pequena, uma boa sinalização de trânsito, o que lá é complicado.
Por outro lado, a população não tem o costume de entrar calçado nos lugares. Por onde vão, existem locais para deixarem os sapatos, uma espécie de casinhas.
Já o transporte, ônibus, trem, barco e tuc tuc (motorizado com cabine para transporte de passageiros ou mercadorias).
Educação
Na Índia existe o maior mercado de livros usados e novos do mundo. Mas, a taxa de alfabetização é de apenas 59,5%, enquanto que no Brasil, o analfabetismo afeta 8,3% da população. “A minoria vai para faculdade; também não existe aposentadoria, eles trabalham até morrer”, relata Luciana.
Comida
Não foi a toa que os europeus fizeram loucuras a procura da rota que levasse seus navios a India. Não é para menos, não é fácil mesmo resistir a variedade dos temperos e de sua gastronomia. A Índia é uma festa de sabores. Carne bovina não é consumida, pois os indianos acreditam que a vaca é sagrada, por exemplo. O frango é consumido por algumas pessoas. O Chaat de Mumbai é o prato mais popular da culinária local de Mumbai e comida típica da índia. Deve ser comido com a mão direita sempre. Trata-se de uma massa frita conhecida como puri, macarrão cabelo de anjo frito, arroz, batata, pasta de pimenta vermelha, cebola picada, coentro e molho de tamarindo).