sexta-feira, novembro 7, 2025
spot_img
HomeBrasilJustiça vai ouvir testemunhas em processo em que PMs são réus por...

Justiça vai ouvir testemunhas em processo em que PMs são réus por morte durante abordagem em Mantenópolis

Gustavo Barbosa Batista foi assassinado com tiro na nuca. Para o MPES, o cabo Allyson Augusto de Miranda atirou, e Bruno Costa de Oliveira, fraudou o boletim de ocorrência

A Justiça marcou para as 9h do dia 22 de outubro a audiência de instrução e julgamento do processo em que o cabo da Polícia Militar Allyson Augusto de Miranda, de 33 anos, é acusado de ter efetuado o disparo que atingiu a nuca do mecânico Gustavo Barbosa Batista, de 22 anos, durante uma abordagem policial em 13 de novembro do ano passado, no distrito de São José, em Mantenópolis, no Noroeste do Espírito Santo. O cabo Bruno Costa de Oliveira, de 34 anos, também é réu no processo, acusado de fraude processual. A decisão é do juiz Thiago Albani Oliveira Galvêas.

Publicidade

De acordo com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Allyson teria realizado o disparo que provocou a morte da vítima. Já Bruno foi denunciado por elaborar o boletim de ocorrência com uma versão falsa, segundo a qual Gustavo teria morrido em um acidente de moto.

Foto do local onde a vítima foi morta na quarta-feira, dia 13 de novembro de 2024.  Crédito: Leitor Rede Notícia

Conforme a denúncia, os militares realizavam patrulhamento no distrito de São José quando abordaram um homem em atitude suspeita. Durante a ação, Gustavo Barbosa Barbosa passou em alta velocidade conduzindo uma motocicleta com escapamento adulterado. O MPES relata que o cabo Allyson deu ordem de parada, mas o motociclista não obedeceu. Em seguida, o policial sacou a arma e atirou, atingindo a vítima pelas costas. O jovem caiu na pista e morreu no local.

Os documentos apontam que, após o disparo, os policiais foram até o local onde Gustavo havia caído e constataram a morte. O local foi isolado, e a perícia acionada. Ainda segundo o Ministério Público, Bruno Costa, com auxílio de Allyson, teria redigido o boletim de ocorrência descrevendo o caso como acidente de trânsito, com o objetivo de ocultar o crime e confundir as investigações.

A vítima, Gustavo Barbosa Batista, de 22 anos. Crédito: Acervo pessoal

O processo reúne provas como depoimentos, laudos periciais, documentos oficiais e relatórios internos da Polícia Militar. O MPES pediu que Allyson seja levado a julgamento pelo Tribunal do Júri, pedido que foi acolhido pela Justiça com a pronúncia do réu, após o deferimento da denúncia.

Quem são os PMs réus no processo

  • Allyson Augusto de Mirada – cabo da PM do ES – está na corporação desde março de 2014 e tem o salário com valor bruto de R$ 8.461,78;
  • Bruno Costa de Oliveira – cabo da PM do ES – está na corporação desde junho de 2013 e tem o salário com valor bruto de 8.271,59.

PMs mentiram em boletim, diz MPES

De acordo com o Ministério Público, no dia do crime, os cabos Allyson e Bruno registraram um boletim de ocorrência com informações falsas. Eles declararam que, na noite de quarta-feira (13 de novembro de 2024), durante patrulhamento no Centro de Mantenópolis, teriam sido abordados por uma mulher que relatou um acidente envolvendo uma motocicleta próximo ao distrito de São José. Segundo o relato, o motociclista estaria desacordado no chão.

Ainda conforme o Ministério Público, os militares afirmaram no boletim que foram até o local indicado e confirmaram a ocorrência. “A vítima estava caída no chão, já sem vida, ao lado de uma motocicleta. A perícia foi acionada para investigar o caso. O veículo, que foi guinchado, apresentava mau estado de conservação e pneus carecas”, informou a Polícia Militar à época, com base na versão registrada pelos próprios policiais envolvidos.

Perícia derrubou versão de militares

A Rede Notícia teve acesso a Declaração de Óbito da vítima assinada por um médico legista do SML de Colatina. Nele é descrito que a morte do jovem Gustavo foi em decorrência de “paralisia bulbal, lesão perfurocontusa bulbar, e ferimento perfuro contudente por Perfuração por Arma de Fogo (PAF)”, descartando a possibilidade de acidente registrada pelos policiais militares que participaram do fato.

Declaração de Óbito confirma que vítima foi morta por tiro na nuca. Crédito: Rede Notícia

 

Na época do crime, a Polícia Militar informou que as armas dos envolvidos foram apreendidas e que, “para garantir a integridade das investigações, ambos foram transferidos para outro município”. Em abrill deste ano, a corporação acrescentou que “os policiais continuam trabalhando em outra localidade” e que “o inquérito policial militar segue em fase final, sem divulgação de detalhes por enquanto”.

A reportagem voltou a procurar a Polícia Militar nesta sexta-feira (10) para obter informações sobre o andamento do procedimento administrativo, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

A reportagem também tenta contato com a defesa dos policiais citados na matéria. O espaço segue aberto para manifestação ou esclarecimentos.

Corpo da vítima foi sepultado em Alto Rio Novo na sexta-feira, dia 15 de novembro de 2024. Crédito: Acervo pessoal
ARTIGOS RELACIONADOS
Anuncie Aqui!
Publicidade

EM DESTAQUE