Família do braçal estava morando embaixo de uma lona, sem banheiro, com o mínimo de comida e um bebê de 18 meses
O ex-funcionário da Prefeitura de Nova Venécia, Emicildo Assunção, 64 anos, vai ter uma casa para morar com a esposa, a Luciana, 38 anos, e o filho, o Eduardo, de 18 meses.
Depois do apelo e de ficar morando embaixo de uma lona, o ajudante de serviços gerais recebeu a notícia da Secretaria de Assistência Social do Município, que terá um teto para viver com a família.
Seu Emicildo já encontrou a casa onde pode ser seu possível lar e levou ao conhecimento da Prefeitura, que vai custear as despesas de aluguel. No momento, o braçal está instalado no Centro Comunitário da Igreja Católica, do Bairro Altoé. A permanência da família Assunção no local, foi uma iniciativa da Assistência Social Municipal.
No espaço, fogão, geladeira, uma televisão e a cama do filho, tudo comprado na época em que o braçal estava empregado. “Eu podia dar o sustento à minha família e devagar, não deixava faltar nada dentro de casa”, diz.
Agora, longe dos perigos de morar na rua, seu Emicildo recebeu da Prefeitura cesta básica, além de doação de moradores, que estão indo até o Centro Comunitário para ajudar o casal. É o caso das moradoras do bairro Rúbia, Railane Sabadim e Conceição Aparecida. “Eu não gostaria de passar pelo que eles estão passando, sentir fome, não ter o que comer, não deve ser fácil. Vim ser solidaria e tentar dar um pouco de conforto para um momento tão difícil”, fala Railane.

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Moradia embaixo da lona
Desde o último sábado (17), a família do seu Emicildo teve que mudar para debaixo de uma lona, que foi montada por ele, em um terreno ao lado da Escola de Ensino Fundamental Stanislaw Zucoloto, no bairro São Francisco.
Com uma dívida de três alugueis atrasados, o casal com o filho, foi obrigado a deixar a casa onde moravam, no bairro Altoé. Na cobertura de lona, a família ficou por três dias. “Morávamos em uma casinha com aluguel de R$ 380. O proprietário foi até muito bom com a gente, esperou a chuva passar para pedir a casa”, conta.
De acordo com o braçal, a renda mensal que ele conseguia levar para casa, girava em torno de R$ 300. Para conseguir juntar a pequena quantia, Emicildo vendia latinhas e limpava lotes. “Eu só não deixava meu filho passar fome, o leite dele eu comprava. A mãe dele e eu passamos muita necessidade, mas ele não, era bem pouco, mas tinha para comer”, fala.
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Antes da moradia na lona
Emicildo trabalhou na Prefeitura de Nova Venécia até fevereiro de 2017, foram dois anos servindo ao executivo. O salário mensal girava em torno de R$ 1,1 mil, com acréscimo de R$ 280 do tíquete alimentação. Nesta época, de acordo com ele, o dinheiro não faltava para comprar comida e pagar as contas. “O contrato do emprego acabou, fiquei sem chão, temos outra filha de quatro anos, e hoje ela está morando aqui também, mas com a avó, é melhor. Não é fácil ver quem depende da gente sentir fome, não desejo isso a ninguém”, explica.
Segundo o braçal, ele trabalhou por 13 anos de carteira assinada, em vários lugares. “Já fui vigia, lavador de carro e muitas outras coisas, não tenho medo de serviço, eu só quero um emprego. Nunca roubei, isso não faço, prefiro passar fome”, conta emocionado.
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Para ajudar a família
Quando a equipe de reportagem chegou ao Centro Comunitário, o filho de seu Emicildo estava sem roupa, as peças que o menino tem, são poucas. Um colchão na pequena cama da criança, é o local onde o casal dorme com o filho. “Não peço nada para mim, quem puder ajudar meu pequeno, estamos precisando de leite. Quando tenho dinheiro compro o pacote de mingau de milho, ele adora”, explica.
Quem quiser fazer as doações de alimentos, produtos de limpeza e roupas, procurar o casal no Centro Comunitário, do bairro Altoé.

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Secretaria de Assistência Social
De acordo com a secretária de Assistência Social, Márcia dos Santos, a casa da família do seu Emicildo será paga com aluguel social, e a liberação para a nova moradia, deve acontecer no prazo de sete dias. Márcia ainda relata que além da alimentação, água mineral e suporte para o casal, assistentes sociais levaram o filho do casal para uma consulta, já que o menino estava um pouco resfriado. “A situação deles é de vulnerabilidade, é o mínimo que podemos fazer. Sabemos que o local onde os abrigamos também não é adequado, mas já proporciona um conforto maior. Vamos assistir o seu Emicildo até que ele consiga um emprego, é o que ele mais quer, trabalhar”, fala a secretária.
O caso do desabrigado teve repercussão, depois que o vídeo de um portal de Nova Venécia veio à tona.