domingo, abril 27, 2025
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Eternamente Moa!

carimbo-1Moacyr Sélia Filho sem dúvida alguma deixou sua marca registrada. Conhecido como Moa, foi o primeiro transexual a presidir uma casa legislativa no Brasil, entre 2006 e 2008. Vereador por três mandatos, Moa tinha como principal bandeira, o combate à corrupção. Esta foi uma das características que diferenciou o vereador na classe política. Durante trajetória, rigidez, pulso firme e muita personalidade, eram suas marcas. “Alisar” e jeitinho não era com ele.
“Meu tio fez o que tem que ser feito enquanto vereador. Desenvolveu o papel que um legislador precisa exercer, sem assistencialismo, sem favorecimentos e sempre com muita ética. Ele fez na política, o que já fazia dentro de casa. O comportamento dele sempre foi este, doesse a quem doesse. Muitos políticos passaram aperto com ele, foi o único até hoje que teve coragem de fazer denúncias junto ao judiciário, e levar estes processos à frente. Ele não tinha medo, tinha muita garra, honestidade e sensatez”, fala Jorge Almeida, um dos sobrinhos de Moa.
Com o slogan “A transparência faz a diferença” Moa foi eleito pela primeira vez aos 47 anos, em 2004, sendo o primeiro vereador transexual do Estado. Foi eleito presidente da Câmara de Nova Venécia, sendo na época, o único a exercer a função.
Com eleitorado consciente, o transexual foi um dos poucos políticos na cidade a trabalhar pelos idosos. Durante o tempo em que esteve como presidente da Câmara de Vereadores, a Mesa Diretora devolveu aos cofres públicos quase R$ 1 milhão, dinheiro que foi investido na compra do terreno e construção do Centro de Convivência do idoso (CCI) e na Capela Mortuária. Para o CCI, Moa trouxe através de emenda parlamentar do senador Magno Malta (PR), a academia do local, mobiliário, computadores, mesa de sinuca, cadeiras do papai e todos utensílios de cozinha. O CCI e tudo que diz respeito ao local, foi um sonho realizado do então vereador, que cumpriu a promessa e destinou a área para a Associação da Melhor Idade (Aminove), para que pudesse realizar os trabalhos da classe.
O transexual foi entrevistado no extinto Programa do Jô, em 2009, na TV Globo, onde falou sobre sua luta contra o preconceito e contra a corrupção. Dois blocos do programa global foram destinados ao veneciano, que teve a oportunidade de mostrar a todo Brasil, sua atuação no legislativo e também sua família.

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A família e a profissão
Moa morava com a mãe, dona Zaida, tinha dois irmãos, Roberto e Creuza. Na família, era ele que sempre teve o poder de comando, e sempre foi respeitado.
Começou a trabalhar antes dos 18 anos e formou-se em técnico em contabilidade em 1975. Sempre foi apaixonado por moda, chegando a trabalhar como estilista. A arquitetura e as artes plásticas também eram suas paixões.
Moa Sélia também foi um dos cabeleireiros mais conhecidos da região, tendo o salão que leva seu nome, como um dos pontos mais badalados, principalmente entre as noivas.

A despedida
Moa faleceu aos 60 anos, na noite do último sábado (06), em decorrência de uma pneumonia, no hospital São Bernardo, em Colatina.
Internado desde quarta-feira (03), Moa teve falência múltipla dos órgãos. Há três anos passou por uma cirurgia para retirada de um tumor no cérebro, o que o deixou com diversas sequelas, inclusive na locomoção. O ex-parlamentar utilizava uma cadeira de rodas para deslocar-se, mas era lúcido.
O velório do ex-vereador aconteceu na Capela Mortuária. Além de familiares, amigos, o ex-prefeito de Nova Venécia Walter De Prá (ex-deputado estadual, deputado federal, ministro e cônsul) com a esposa Edy, compareceram na capela para fazer a última homenagem a Moa. Também, o senador Magno Malta (PR- mesmo partido de filiação de Moa), o prefeito Lubiana Barrigueira (PSB) e vereadores. O enterro aconteceu no Cemitério São Marcos.

Homenagens
O presidente da Câmara de Vereadores de Nova Venécia, Antônio Emílio (PPS) é autor de um Projeto de Lei, que intitula a sede do legislativo veneciano como Moacyr Sélia Filho. A previsão para que o projeto seja votado é ainda para este mês.
Ainda, a veneciana e secretária de Estado da Educação, Juventude e Esportes de Tocantins, Wanessa Zavarese Sechim, divulgou uma nota de pesar, relatando sobre a honestidade e responsabilidade com o dinheiro público.
Já nas redes sociais, a comoção foi grande, com milhares de mensagens à respeito da morte de Moa. No portal da Rede Notícia, a matéria sobre o falecimento teve quase 30 mil visualizações.

“Além de filho e cidadão exemplar, Moa sempre fez a diferença na política. Transexual assumido com honra, orgulho e respeito foi uma das pioneiros na luta contra o preconceito de gênero, ainda no início dos anos 80, e levantou a bandeira em defesa dos Direitos Humanos e da diversidade sexual. Sua luta ganhou adeptos e notoriedade nacional” Wanessa Zavarese Sechim - secretária de Estado da Educação, Juventude e Esportes de Tocantins
“Além de filho e cidadão exemplar, Moa sempre fez a diferença na política. Transexual assumido com honra, orgulho e respeito foi uma das pioneiros na luta contra o preconceito de gênero, ainda no início dos anos 80, e levantou a bandeira em defesa dos Direitos Humanos e da diversidade sexual. Sua luta ganhou adeptos e notoriedade nacional”
Wanessa Zavarese Sechim – secretária de Estado da Educação, Juventude e Esportes de Tocantins
“Moa representou uma quebra de paradigmas em Nova Venécia. Como vereador auxiliou muito o Ministério Público no combate à corrupção e improbidade administrativa. Não há uma denúncia feita por Moa, que não tenha resultado em condenação. Depois que ele parou de atuar na vereança, as denúncias diminuíram mais de 90 por cento. É um exemplo a ser seguido pelos atuais políticos, um modelo a se espelhar. Ele denunciava e nós investigávamos. Hoje não temos mais apoio de ninguém. Posso dizer que ficamos órfãos” Leonardo Augusto de Andrade Cézar dos Santos - promotor de justiça
“Moa representou uma quebra de paradigmas em Nova Venécia. Como vereador auxiliou muito o Ministério Público no combate à corrupção e improbidade administrativa. Não há uma denúncia feita por Moa, que não tenha resultado em condenação. Depois que ele parou de atuar na vereança, as denúncias diminuíram mais de 90 por cento. É um exemplo a ser seguido pelos atuais políticos, um modelo a se espelhar. Ele denunciava e nós investigávamos. Hoje não temos mais apoio de ninguém. Posso dizer que ficamos órfãos”
Leonardo Augusto de Andrade Cézar dos Santos – promotor de justiça
“Moa nos deixa um legado substancial que deverá ser lembrado por gerações: defensor vitorioso dos interesses da comunidade que se sobressaiu de empreendedor, para o guardião da probidade, no exercício de sucessivos mandatos de vereador” Lélio Marcarini - promotor de justiça
“Moa nos deixa um legado substancial que deverá ser lembrado por gerações: defensor vitorioso dos interesses da comunidade que se sobressaiu de empreendedor, para o guardião da probidade, no exercício de sucessivos mandatos de vereador”
Lélio Marcarini –
promotor de justiça
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