A chefe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Nova Venécia, delegada Amanda Oliveira, participou do programa Norte Notícias, da Rádio Notícia FM, e destacou os principais desafios no combate à violência de gênero no município e na região.
Segundo a delegada, os casos mais frequentes registrados na unidade estão relacionados à violência doméstica, principalmente crimes de lesão corporal, ameaças e descumprimento de medidas protetivas.
“Percebemos uma incidência muito grande de crimes relacionados à violência doméstica. Os principais são: lesão corporal, ameaça e descumprimento de medidas protetivas. Esses são os casos mais recorrentes aqui na nossa região”, afirmou.
Amanda Oliveira, que está há cerca de quatro meses à frente da delegacia, explicou que as denúncias acontecem de forma constante. “Todos os dias temos ciência de casos novos. Todos os dias mulheres chegam até nós pedindo socorro, pedindo medidas protetivas. Então, é uma realidade constante”, destacou.
A delegada também comentou sobre os fatores que impedem muitas mulheres de denunciarem os agressores. “Infelizmente, em muitos cenários existe uma dependência financeira e emocional da mulher em relação ao homem. É algo que temos trabalhado para tentar quebrar, mostrando que a vida delas é muito mais valiosa do que qualquer outro fator que as exponha ao risco.”
Outro ponto que preocupa a Polícia Civil é a rápida escalada da violência nos casos de agressão doméstica. “O que nos preocupa é que esse ciclo é muito rápido. Uma ameaça ou um empurrão podem evoluir rapidamente para agressões mais graves, até chegar ao feminicídio. Essa velocidade das agressões pode, infelizmente, tirar vidas valiosas”, alertou.
Amanda destacou que não existe um perfil específico de vítima ou agressor. “Toda mulher está sujeita a esse tipo de violência, independentemente de condição social, financeira ou religiosa. É importante que todas entendam que podem ser vítimas e que devem buscar ajuda.”
Atendimento e sigilo garantido
A delegada explicou que a DEAM de Nova Venécia funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, para registros de boletins de ocorrência e pedidos de medidas protetivas. Fora desse horário, há plantão 24 horas para atendimentos de urgência.
“O inquérito é sigiloso, e todos os trâmites são feitos com total discrição, para preservar a vida, a dignidade e a intimidade das vítimas”, destacou Amanda.
Rede de apoio e ações preventivas
De acordo com a delegada, o trabalho da DEAM é feito em conjunto com a rede de apoio do município, que inclui o CREAS, o CRAS e o Projeto Margaridas. “Toda a rede é envolvida. Estamos sempre em contato com esses órgãos, porque o cuidado com essas mulheres é uma responsabilidade compartilhada”, disse.
A DEAM também realiza ações educativas e preventivas em escolas e espaços públicos. “A prevenção é fundamental. Estar aqui na rádio, por exemplo, já é parte desse trabalho, levando informação e conscientização. Também usamos o Instagram da 17ª Delegacia Regional para divulgar alertas e orientações”, informou.
Violência nas redes sociais
A delegada alertou ainda para o aumento de crimes virtuais, como ameaças e perseguições, praticados em redes sociais e aplicativos de mensagens. “Assim como a sociedade evoluiu e passou a usar mais a tecnologia, o crime também evoluiu. Hoje temos muitos casos de violência praticada via internet”, explicou.
Ela orientou que, nesses casos, as mulheres não apaguem mensagens, fotos ou conversas. “Precisamos dessas provas para investigar. Temos mecanismos para identificar os autores, mas dependemos do registro fiel do que aconteceu”, reforçou.
Amanda também deixou dicas de segurança digital para evitar situações de risco: “Evitem conversar com pessoas desconhecidas, não compartilhem fotos íntimas e evitem publicar a localização em tempo real. É importante se proteger, inclusive no ambiente virtual.”
Canais de denúncia
A delegada reforçou os principais canais de denúncia e apoio às vítimas:
- 190 – Polícia Militar (em caso de emergência)
- 181 – Disque Denúncia (anônimo)
- 180 – Central de Atendimento à Mulher
- Delegacia da Mulher de Nova Venécia – atendimento presencial
“A denúncia pode salvar vidas. Os vizinhos, amigos e familiares também têm um papel importante nesse processo. Muitas vezes, é uma denúncia de terceiros que faz uma mulher sair do ciclo de violência em que vive”, afirmou.
Ao final da entrevista, a delegada Amanda Oliveira agradeceu o espaço e reforçou o compromisso da Polícia Civil com o acolhimento e a proteção das mulheres. “A Polícia Civil está de portas abertas. Estamos sempre à disposição para ajudar, orientar e proteger. Que todas as mulheres saibam: não estão sozinhas.”





