Não é novidade para nenhum morador de Nova Venécia, que Deivid José é “o cara dos filmes”, na região. Agora, ele se prepara para lançar o sexto filme, o Cataguazes.
Estando em fase final de gravação, novamente o Município serviu de cenário para o filme, que terá 1h20 minutos de duração. Como de costume, Deivid José está na película como protagonista, diretor e produtor. “Coloquei o nome com z, porque era assim que os descendentes indígenas chamavam a região mineira”, diz o cineasta.
Com início das filmagens já no último mês, o veneciano se prepara para dar vida na telona, a antepassados da sua família, em uma história que circula entre realidade e ficção, que tem prazo para término das gravações neste mês.
No filme, Deivid está vestido Rambo novamente, em homenagem ao personagem do longa-metragem vivido pelo ator Sylvester Stallone, e também a todos os militares. “Tenho paixão pela profissão de militar e acho que eles merecem todas as honras, por isso, em meus trabalhos, sempre desenvolvo os protagonistas pensando neles. Visto de Rambo, porque o personagem tem tudo a ver com o mundo militar também”, conta.
Com flecha e uma bazuca do Vietnã que lança míssil, o cineasta defende os índios dos inimigos durante o filme, recheado de efeitos especiais. Detalhe que o armamento foi fabricado por Deivid, que com muita criatividade, utilizou lanterna, cano pvc, garrafa squeeze e madeira, para montar o arsenal bélico do longa. Já os figurinos e ornamentações, ficam por conta da esposa do artista, a Maria da Glória Bermond Vasconcelos, 56 anos, que também é a cinegrafista da obra. Para o trabalho, a Glória utiliza uma filmadora Sony, em HD.
As gravações foram realizadas nas imediações do Rio Cricaré, Refrigério, Patrimônio do Bis e Comunidade Santo Antônio, no Córrego da Serra.

Ficção e realidade
A história do filme acontece na região de Cataguases, Minas Gerais, quando o Barão de Cataguases atira em uma índia, que para se livrar do ataque, acaba deixando uma pequena indiazinha de quatro anos, no chão, antes de sair correndo. Depois disso, a menina é criada pelo Barão, e aos 13 anos, casa-se com o português José Rufino Vasconcelos, que era um maquinista, que veio para o Brasil a trabalho. Até aqui a história contada no filme é real. Nas cenas seguintes, o protagonista, Deivid José, entra na ficção, para salvar as terras dos índios do poder do Barão, e por fim, entregar as chaves das propriedades para os indígenas e voltar para o Rio de Janeiro, onde mora. “Já morei no Rio, em Copacabana, e por gostar de lá, o local sempre está em meus filmes também”.
Custos
Para gravar Cataguazes, Deivid José chega aos seus cenários de gravações com sua Kombi, dirigida por ele mesmo. É dentro dela, que ele carrega tudo que precisa para as cenas, que são realizadas sempre no período da manhã.
“É o horário ideal para mim, porque o Sol chega no planeta de cor dourada. A tarde a luz fica muito forte, não fica interessante para as gravações”, explica.
Os personagens são amigos, conhecidos e gente que admira o trabalho do cineasta. Como apoio para a película, Deivid conta com Tadeu Moto Peças e também o auxílio financeiro de alguns amigos, como Walter De Prá.
Descendência indígena
Foi na região de Cataguases, Minas Gerais, que Deivid José relata que sua família começou a ser erguida, quando a bisavó, que era índia, carregava a filha nas costas, e sofreu um ataque do poderoso Barão de Cataguases, largando a indiazinha no chão. Esta menina, casou-se com um português, e a partir desse matrimônio, nasceu o pai de Deivid, Geraldo Vasconcelos, que se casou com dona Ermandina Barcelos Vasconcelos, pais do cineasta.
Os Filmes
Ao todo, são seis os filmes produzidos por Deivid José: O Menino da Porteira (2008), O Menino da Porteira 2 (2009), O Garoto de Cristalino Contra os Leões (2010), Cidade em Chamas (2012), Chico Mineiro (2013), e agora, Cataguazes.
“Comecei a fazer filme, em homenagem a atual secretária Estadual de Educação do Tocantins, Wanessa Secchin. Quando ela era secretária em Nova Venécia, me ofereceu para eu dar aulas de violão pelo município. Eu já tinha em mente, que a pessoa que me apoiasse a seguir meu trabalho de músico, eu iria fazer um filme para ela. E foi assim que tudo começou. O primeiro trabalho meu, é em homenagem a esta veneciana cheia de qualidades e profissionalismo, que me colocou em um lugar, onde ninguém colocou”, conta Deivid.
De acordo com o cineasta, fazer filme para ele é a coisa mais fácil, se não fosse o dinheiro. “Tenho carinho por todos meus trabalhos, escolher um de preferência, não tem como”.
Militarismo e música
Gosto de tudo que é ligado ao mundo militar e acho que herdei do meu pai, ele era policial. Ele morava em Vitória, foi transferido para São Mateus, e em uma missão que precisou se deslocar até Nova Venécia, conheceu a minha mãe, foi então que se casaram.
Sobre a música, aprendi a tocar e cantar com meu pai também, mas a partitura, aprendi a ler, na Lira Municipal Mateus Toscano, em 1974, com um maestro goiano chamado, Itamar Francisco da Silva.
O nome de batismo do veneciano é José David Vasconcelos. Ele tem 59 anos, cursou até o 8° ano do ensino médio e hoje é professor de violão, acordeon e teclado e dá aula particular.
“Em 1978 fiz um show aqui em Nova Venécia, e meu amigo, o Biguá (Josimar de Oliveira), me disse que eu tinha que ter um nome artístico e americanizado. Foi ele quem me intitulou de Deivid José. Meu nome está registrado no Ecad, no Rio de Janeiro, e tem direitos autorais”, conta.
Lançamento do filme
O lançamento de Cataguazes será em agosto, fdurante noite com show musical de Deivid José, na Praça Adélio Lubiana, onde será vendido o filme a R$ 15 e também seus CDs, que são quatro. “Pretendo superar a venda do primeiro trabalho, que chegou a 800 cópias. Queria pedir para quem quiser assistir ao filme, que compre comigo. Se fizer cópias por conta própria, me prejudica, vivo disso também, e o gasto para fazer as filmagens, quase tudo é arcado por mim”, fala.

