Medalha de ouro, o município veneciano traz a triste estatística: índice de 88,5% superior em número de casos de violência contra a mulher, em relação aos municípios que registraram menores casos. Lembrando que, a violência contra mulher pode configurar desde a física, passando por moral, psicológica e patrimonial
Um índice e dados para não deixar nenhum morador de Nova Venécia feliz. O Núcleo Margaridas, que atende mulheres em situação de violência, incluindo relacionamento abusivo, foi inaugurado no município. Um dos motivos da escolha da sede ser aqui, não oferece nenhum orgulho? É que a cidade é medalha de ouro em violência contra a mulher, em relação a microrregião Noroeste, atendendo também, Águia Branca, Barra de São Francisco, Água Doce do Norte, Ecoporanga, Mantenópolis, e Vila Pavão.
De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, em 2020, Nova Venécia registrou 365 casos de violência contra a mulher, um índice de 88,5% superior, em relação aos municípios que registraram menores índices, que foram Vila Pavão e Águia Branca, computando, 42 casos no mesmo período. Atrás do município veneciano, vem Barra de São Francisco, trazendo 284 registros.
O projeto do Estado visa a providenciar meios para o combate à violência contra as mulheres nos municípios, por meio do atendimento psicossocial e jurídico às mulheres em situação de violência, além da articulação da rede de serviços nos municípios.
No Núcleo Margaridas Noroeste Nova Venécia já foram atendidas 15 mulheres e, assim como os outros implantados no Estado, visa a providenciar meios para o combate à violência contra as mulheres nos municípios, por meio do atendimento psicossocial e jurídico às mulheres em situação de violência, além da articulação da rede de serviços nos municípios.
Inaugurado no último 23 de setembro, o Núcleo vem desempenhando trabalho e atuando quando acionado. “É preciso que a mulher procure ajuda, todo processo é sigiloso e, cada caso é único. São identificadas as demandas e são tomadas providências cabíveis a cada caso específico. Lembramos que, quando a mulher estiver em extremo risco de vida, existe a casa abrigo no Estado, que se necessário, ela poderá ser encaminhada para este local”, diz a assistente social e coordenadora do Núcleo, Verônica Peruchi.
A assistente social relata que o processo de atendimento é baseado na Lei Maria da Penha, e a demanda para atendimento à mulher é feita pode forma espontânea, ou através de encaminhamentos de outras instituições. “Atendemos qualquer tipo de violência contra a mulher, não importa a idade. Se for adolescente, de preferência que ela esteja acompanhada de um responsável legal, ou caso não seja possível o atendimento é feito com o apoio do Conselho Tutelar”, explica.
O Núcleo Margaridas é mais um complemento da rede de instituições de enfrentamento da violência, os outros são o CREAS, CRAS, CAPS, Ministério Público (MP), a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM) e a Defensoria Pública, além de outras.
No Núcleo Margaridas Nova Venécia, o serviço conta com, além da Verônica, a advogada, Suany Lima; a Maria Auxiliadora Rodrigues, a assistente social, Karolina Gadiolli Loubak; a psicóloga Fernanda Crispim Oliosi; a Ana Carulina e a vigilante, Layane.
“Aqui, enquanto as mulheres são atendidas, temos uma educadora social, que fica auxiliando as crianças que chegam no Núcleo com as mães atendidas. Temos recreação na brinquedoteca, brincadeiras e momentos interativos de diálogos entre a profissional e as crianças”, conta Verônica.
Microrregião Noroeste
Onde está implantado: Nova Venécia
Municípios que o Núcleo atende: Águia Branca, Barra de São Francisco, Água Doce do Norte, Ecoporanga, Mantenópolis, Nova Venécia e Vila Pavão.
Onde funciona?
Segunda à sexta-feira, das 7h30 às 17h
Endereço: Rua Delma, nº 21, no Bairro Margareth, ao lado da Fisioclin (em frente ao Cidade Hotel).
Telefone: (27) 3750-0996

Núcleo Margaridas no Estado
Com o objetivo de efetivar o Plano Estadual de Políticas para as Mulheres, o Governo do Estado implementou seis Núcleos de Referência de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência, Núcleo Margaridas, em municípios no interior do Espírito Santo. A iniciativa também atende ao Pacto Estadual pelo Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres. O serviço é ligado à Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Espírito Santo (SEDH), em execução por meio de parceria com o Instituto Gênesis.
O Núcleo Margaridas Microrregião Central Serrana foi o primeiro a ser inaugurado. Está localizado no município de Santa Maria de Jetibá, também atendendo aos municípios de Itaguaçu, Itarana, Santa Teresa e Santa Leopoldina.
As demais microrregiões contempladas foram Litoral Sul, Sudoeste Serrana, Caparaó, Noroeste e Centro Oeste. Os equipamentos foram implementados nos municípios de Anchieta, Afonso Cláudio, Alegre, Nova Venécia e Colatina, respectivamente.
Além do atendimento e suporte às mulheres, o Núcleo Margaridas elabora e desenvolve campanhas e atividades educativas voltadas à prevenção e erradicação da violência contra a mulher. Outro objetivo é manter atualizado o banco de dados sobre os tipos de violência e demais dados psicossociais, jurídicos e econômicos, que possibilitem a análise do fenômeno da violência contra a mulher, subsidiando gestores responsáveis pela implementação da política de prevenção e enfrentamento a esse tipo de violência.
“Os Núcleos contam com um corpo técnico composto por advogado, assistente social, psicólogo e educador social, visando a oferecer acompanhamento psicossocial e jurídico às mulheres em situação de violência na região, com atendimento humanizado e acolhimento qualificado”, explicou a secretária de Estado de Direitos Humanos, Nara Borgo.
Feminicídios crescem 10,8% em quatro anos, aponta pesquisa
A violência de gênero e a violência intrafamiliar cresceram nos últimos quatro anos, de acordo com dados do levantamento realizado pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) e divulgado nessa quarta-feira (7). Segundo a pesquisa, o número de casos de feminicídio cresceu 10,8% durante este período.
O estudo reuniu as estatísticas criminais de feminicídio e estupro dos primeiros semestres dos últimos quatro anos e constatou que houve 2.671 mortes somente durante esse período. Desse total, 699 casos ocorreram entre janeiro e junho deste ano, um aumento de 3,2% na comparação com 2021.
Isso significa, segundo o levantamento, uma média de quatro mulheres mortas por dia. No caso dos estupros, foram 29.285 ocorrências em 2022, um aumento de 12,5%, dos quais 74,7% foram registrados como estupro de vulnerável, em que as vítimas são incapazes de consentir com o ato sexual.
No acumulado dos quatro anos, mais de 112 mil mulheres foram estupradas no país se levado em consideração apenas o primeiro semestre de cada ano.
Segundo o levantamento do Fórum, a região Norte é a que acumula maior crescimento no período de quatro anos: 75%, seguida pelo Centro-Oeste (29,9%), Sudeste (8,6%) e Nordeste (1%). Apenas a região Sul teve redução no número de feminicídios registrados entre 2019 e 2022, com queda de 1,7%.
As elevações mais acentuadas de casos no período foram registradas nos estados de Rondônia (225%), Tocantins (233,3%) e Amapá (200%), que aparecem entre os 16 estados que mantiveram os índices desde 2019 ou apresentaram algum tipo de crescimento nas estatísticas.
Outros 11 estados apresentaram redução: Alagoas (-42,3%), Bahia (-2,1%), Distrito Federal (-42,9%), Espírito Santo (-6,3%), Paraná (-33,3%), Piauí (-18,8%), Rio Grande do Norte (-35,7%), Roraima (-50%), Santa Catarina (-9,4%), São Paulo (-11,8%) e Sergipe (-9,1%).





