Circulam na internet imagens de uma abordagem de dois policiais militares contra uma adolescente de 16 anos, nesta quinta-feira (8), no bairro Nova Esperança, em Linhares. No vídeo, a mulher que está gravando usa uma palavra de baixo calão contra os PMs para justificar sua legítima filmagem de uma ação de servidores públicos. Um dos policiais militares dá chutes contra duas mulheres, e borrifa spray de pimenta contra uma outra mulher que assiste à ação. O outro PM coloca o corpo sobre a adolescente no chão numa tentativa de imobilizá-la. Durante a ação, ele chega a apontar a arma para as pessoas ao redor. Veja:
O que diz a Polícia Militar
Procurada pela Rede Notícia, a Polícia Militar deu a sua versão da história. A corporação informou que “durante o policiamento no bairro Nova Esperança, em Linhares, na tarde dessa quinta-feira (8), os militares receberam a informação de que duas menores, de 16 anos, estavam comercializando entorpecentes na região”.
“Quando a equipe chegou ao local indicado, as suspeitas xingaram os policiais. Devido ao fato, elas receberam voz de abordagem, porém uma delas correu e jogou uma sacola em um matagal. Em seguida, ela começou a incitar populares para que criassem um tumulto e evitassem a apreensão das drogas”, diz a nota da PM.
“A outra, aproveitou o início da confusão e jogou uma pedra na parte da frente da viatura, causando um dano na lataria. Ela recebeu voz de parada, no entanto desobedeceu, demonstrando extrema agressividade, sendo necessário o uso progressivo da força para contê-la”, conta a PM.
De acordo com a versão da PM, “devido a apreensão dessa adolescente, a outra menor voltou acompanhada de algumas pessoas, inclusive de parentes, e xingaram os policiais. Elas foram em direção aos militares de forma agressiva sendo necessário o uso de gás de pimenta. Somente após afastar a multidão foi possível aprender a menor que também desobedeceu as ordens legais dadas pelos agentes”.
“Enquanto a adolescente era apreendida uma mulher de 34 anos pegou uma pedra e tentou jogar na cabeça de um dos policiais o que motivou mais uma vez o uso progressivo e moderado da força. Ela também pegou um pedaço de madeira e tentou agredir um dos militares. Após o fato, a mulher correu e tomou destino desconhecido. Os militares se encaminharam para a delegacia e lá visualizaram a suspeita seria mãe de uma das adolescentes e uma menor de 15 anos. Ambas receberam voz de prisão e foram entregues na Delegacia Regional do município juntamente com as outras duas menores”, disse a Polícia Militar.
A corporação acrescentou que “as imagens mostram a resistência ativa da mulher abordada e a tentativa de populares em obstruir a ação policial. Foi confeccionado auto de resistência diante da reação agressiva da abordada e sua tentativa de impedir sua detenção. Também foi confeccionado um documento para formalizar os danos as viatura causados pelo lançamento de pedras e outros objetos que acabaram causando pequenos danos à lataria”.
Ainda segundo a versão da Polícia Militar, “as três menores tem histórico criminal por tráfico de drogas. Têm denuncias no 181 relacionando com o tráfico de drogas. É conhecida do serviço reservado em virtude da sua atuação no tráfico de drogas. Já a mulher tem histórico criminal de ameaça, vias de fato e violência doméstica”.
O que diz a Polícia Civil
Procurada pela Rede Notícia, a Polícia Civil informou que, ao todo, quatro mulheres, sendo três adolescentes, foram conduzidas à Delegacia Regional de Linhares.
As três menores assinaram Boletim de Ocorrência Circunstanciado (BOC). Uma das adolescentes, de 16 anos, por ato infracional análogo aos crimes de ameaça e desacato; outra, da mesma idade, por ato infracional análogo aos crimes de dano, ameaça e desacato e, a terceira menor, de 15 anos, assinou BOC por infracional análogo aos crimes de desobediência e desacato.
As três foram reintegradas às respectivas famílias. Já a mulher, de 34 anos, foi autuada em flagrante por lesão corporal, desobediência e desacato. Ela foi encaminhada para o sistema prisional.
A Rede Notícia apurou que a mulher presa foi liberada após pagar R$ 1 mil em fiança, arbitrada pelo delegado Gustavo da Silva Marciano. O nome dela não será divulgado por segurança.