terça-feira, dezembro 10, 2024
spot_img
HomeDestaqueCasa mais antiga de Nova Venécia ainda preserva estilo colonial do século...

Casa mais antiga de Nova Venécia ainda preserva estilo colonial do século XIX

Construída na segunda metade da década de 1890, a residência fica na rua Salvador Cardoso, e ainda, possui o mesmo assoalho de madeira, ladrilho hidráulico e, originalmente, ostentava telhas cumbucas (capa e canal), hoje substituídas. Sendo a mais antiga moradia de pé, no perímetro urbano de Nova Venécia, a residência, que foi erguida por José Antônio Cardoso, além de fazer parte da vida das famílias Cardoso Toscano, já foi palco de muitos casamentos, tendo sua história entrelaçada ainda, com a existência, a mangueira centenária, que está em frente à casa

A Casa mais antiga de Nova Venécia que ainda resiste ao tempo, fica na rua Salvador Cardoso, localizada em um dos morros que dão acesso ao Fórum Ubaldo Ramalhete Maia.

Publicidade

Erguida na segunda metade da década de 1890, final do século XIX, a moradia foi construída com a chegada das famílias Cardoso e Toscano. “O capitão da Guarda Nacional, senhor José Antônio Cardoso, patriarca de todos os Cardosos em Nova Venécia, foi quem construiu aquela histórica moradia, que, pelas contas, tem, sem dúvida, por volta de 124 anos”, explica o historiador, Frigério Piva.

Naquela época, Nova Venécia era conhecida como “Barracão” e a casa foi construída com assoalho de madeira, ainda existente na residência, assim como o ladrilho hidráulico na cozinha, que resiste ao tempo e também, o porão. “A construção tem aqueles buracos de ventilação, que eram feitos antigamente, o forro estilo saia e camisa, que ainda está lá”, conta.

Mais uma relíquia abrigada na casa é uma das últimas placas de identificação de rua, feita de ferro esmaltado. “A importância da preservação desta residência para nossa cidade é enorme. Ali poderia ser um museu de instalação, tendo mobiliários catalogados, emprestados ou doados por famílias antigas. A Casa tinha telha cumbuca, que deve ser restaurada, e sem dúvida, é uma relíquia e de alguma forma, deveria ser valorizada pelo poder público”, relata.

» Construída na segunda metade da década de 1890 pelo senhor José Antônio Cardoso, patriarca de todos os Cardosos em Nova Venécia, moradia tem cerca de 124 anos (Fotos: Acervo Orietta Toscano)

» Casa ainda possui piso de ladrilho hidráulico na cozinha, e assoalho de madeira na sala e quartos

Filho de seu José formou família na casa

Com a morte do Capitão José Cardoso em 1934, o filho, Salvador Cardoso, casado com Felintha Toscano, constituíram família ali naquela residência, e foi lá que nasceu o filho do casal, Romeu Cardoso, que quando adulto, era tabelião.

“A casa tinha um espaço que era uma venda, aquilo que eles chamavam antigamente de secos e molhados. Romeu nasceu em 08 de outubro de 1915. Como de costume, a parteira foi fazer o parto, era a dona Josefa de Jesus, retirante cearense que chegou em 1889. Antigamente, geralmente, não davam banho no bebê ao seu nascimento, e a dona Josefa, ficou por ali esperando por uns dois dias, para banhar o menino. Ela tinha levado três mangas, e plantou os caroços ali, o local naquela rua era um terreirão. Um dos pés de manga vingou, que é a nossa árvore centenária que encontra-se preservada. Relatos dos antigos dão conta que, os homens que frequentavam a venda, quando bebia uma cachacinha, sempre jogava o final por ali, no pé da planta, tipo aquela expressão de jogar a pinga para o santo. E a história popular relata que a mangueira sobreviveu por conta disso, as outras duas mudas, animais que viviam soltos ali, acabaram comendo as plantas”, descreve Rogério Piva.


Casa serviu como local de casamentos e sediou as primeiras reuniões para a formação do Centro Espírita Paulo Estevão

Outra curiosidade da casa é que, seu Salvador Cardoso, que foi vereador, juiz de paz, subdelegado, realizava na residência, muitos casamentos. “Em 1911 meus bisavós, João Emílio Frigério e Conceição Firmino da Costa, casaram-se ali. Muitos matrimônios tiveram a casa como palco. Além disso, as primeiras reuniões, que mais tarde fariam surgir o Centro Espírita Paulo Estevão, também aconteceram naquele lar, que era onde eles se reuniam para fazer reuniões, ler os livros e falar sobre a doutrina”, divulga Rogério Piva.

Uma das proprietárias da casa mais antiga, ainda de pé, é Neide Zaché, viúva de Renato Cardoso Toscano, filho de seu Fausto Cardoso Toscano e dona Lucy Cardoso Toscano.
Atualmente, a guardiã da casa é a Idália de Menezes Zaché, viúva de Durval José Zaché, que era irmão de Neide Zaché.


Famílias Cardoso e Toscano

O historiador Rogério Piva, conta que em 1911, seu José Antônio Cardoso, foi contratado pelo Serviço de Proteção aos índios e localização dos Trabalhadores Nacionais (SPILTN), órgão do Governo Federal, vinculado ao Ministério da Agricultura, para atuar como sertanista, com a missão de contatar os povos indígenas em Nova Venécia e trazê-los a aldeamento.

O capitão era filho de Ignácio Antônio Cardoso e Anna Faria e, quando faleceu no início de 1934, era viúvo de Leocádia de Almeida Cardoso.

Seu filho, Salvador, era casado com Felintha Toscano, irmã de Matheus Toscano. A esposa do Matheus, Ormanda Cardoso Toscano, era irmã do Salvador. “Assim formou-se as famílias Cardoso Toscano.


Árvore centenária

No dia 08 de outubro de 2024, a mangueira centenária da rua Salvador Cardoso, completou 109 anos. Ela foi plantada, exatamente, no meio da rua, já que antes, ali era um terreirão de chão de terra. Uma planta frutífera que, resistiu aos tempos e por diversas vezes, foi ameaçada de ser cortada.

“Um dos defensores desta mangueira, foi seu Fausto Cardoso Toscano, ninguém a conseguiu derrubar, também por grande influência dele. Uma das vezes que a árvore foi ameaçada de ir para o chão, foi quando foi realizado o serviço de rede de esgoto ali, depois, chegou a vez do calçamento, também queria derrubá-la, mas, seu Fausto sempre presente, ela permaneceu. Esteja onde estiver hoje, deve ter ficado feliz. Em 15 de Julho de 1988, um Decreto Municipal assinado pelo ex-prefeito Adelson Antônio Salvador, declarou a mangueira “imune de corte”, sendo tombada em nível municipal. Em 2015, a Prefeitura realizou projeto de jardinagem e instalação de placas no monumento histórico comemorando o seu centenário. Infelizmente, a placa foi removida e se perdeu”, relata Piva.

O vegetal de tronco lenhoso é uma mangueira de coco, uma espécie originária da Índia.

» No dia 08 de outubro de 2024, a mangueira centenária da rua Salvador Cardoso, completou 109 anos

Casa mais antiga, árvore centenária e primeira rua

A rua Salvador Cardoso foi a primeira rua oficial do Município, tendo nome anterior de João Pessoa, quando foi traçada na primeira planta da vila em 1935, passando a se chamar a partir de 1958, de rua Salvador Cardoso. “Isso aconteceu por ocasião da morte deste ilustre cidadão que foi negociante, juiz de paz, subdelegado e até vereador pelo distrito quando aqui nem se sonhava com a sua emancipação”, revela Piva.

ARTIGOS RELACIONADOS
Anuncie Aqui!
Publicidade

EM DESTAQUE