Alguém que está lendo essa reportagem é do tempo em que a padaria deixava o pão quentinho na porta de cada casa? E o famoso creme servido em copo americano? Quem viveu a época, pode relembrar aqui e matar a saudade do tempo em que os famosos picolés de frutas eram sensação da cidade
Muita história tem para contar, quem já frequentou o Bar Vênus, ou a Padaria Cimadon e o Big Bar Breda. Três estabelecimentos que ainda estão presentes na memória de muitos venecianos.
Por ser aniversário de Nova Venécia, nesta quarta-feira, dia 26, A Notícia selecionou esses extintos empreendimentos, como forma de narrar um pouco as antiguidades do município, que completa 68 anos de emancipação.
Bar Vênus: muita história
O extinto Bar Vênus deixou saudades para muitos moradores, para os frequentadores daquele local, que virou na década de 60, um lugar de lazer, de encontros, e bate papo. Localizado em frente ao extinto cinema, antes ou após o filme, após as missas, era ali que os venecianos se concentravam.
Gerenciado pelo casal seu Joventino Alexandre Tosi e a Drocide Casagrande Tosi, o estabelecimento, que era bar e sorveteria, foi comprado em 1968 e permaneceu 33 anos sob administração do casal. Por ali, a dona Maria era quem fabricava as iguarias.

O bolinho de queijo, que era feito com queijo artesanal bem corado, o sonho com recheio de goiabada, o picolé cremoso de nata com cobertura de chocolate, eram alguns dos atrativos do Bar Vênus, que também era sorveteria e vendia produtos de higiene pessoal e fabricava manualmente gelo, produto que era muito vendido no local.
Por ali, o teto rebaixado e com um balcão de madeira rústico, quem chegava era bem recebido. Luiz Cancão, Jerereu, Braum o médico Jaques e as dentistas Angela e Rita, foram alguns dos muitos frequentadores do local.
O bar que também era famoso por fabricar um creme, servido em copo americano. De acordo com uma das filhas do casal, Vanessa Tosi Puppin, seu Joel Gama, Cesar da Girafa, Luizinho Baldo, Armando Gineli e tantos outros, eram alguns dos clientes do bar, e também, os funcionários da extinta Coletoria Estadual, do Banco do Brasil, Caixa Econômica, Tigrão, Casa dos Retalhos, eram assíduos no lanche da tarde ali.
O Bar Vênus funcionou até 2001, sendo a fonte de renda da dona Maria e do seu Joventino, que criaram seus 10 filhos.

Padaria Santo Antônio de Pádua
Erguida e administrada pelo Seu Luis Antônio Gozzer e a dona Rosa Forza Gozzer, a Padaria Santo Antônio de Pádua foi erguida pelo seu Luís, no local onde hoje se encontra a Padaria Gasparini, da Rua Colatina. Ali, tinham disponíveis vários produtos.
O casal, que saiu de Santa Teresa, foi para Marilândia, e depois chegou em Nova Venécia em 1957, criou os nove filhos com o sustento tirado da padaria, que funcionava em frente ao Bar do Jadir, local onde os patriarcas tinham ainda uma pensão. “Meu pai construiu a padaria onde é hoje a Gasparini, com o dinheiro da Pensão. Ele mesmo foi o pedreiro. Às cinco da manhã, meu irmão (José Brás) e eu acordávamos e fazíamos a entrega dos pães, deixávamos nas portas dos moradores, todos os dias, nossa família trabalhava nessa padaria. Quantas lembranças boas, os moradores eram nossos clientes e amigos”, fala Penha Cimadon, uma das filhas do casal, que ainda completa: “Papai era padeiro na Escola Técnica de Barracão, aprendeu lá e veio para cá. Aqui ensinou os padeiros dele, o pai de Isabel Mota, seu Pocinini, e seu Antônio Rolim, que ainda reside no bairro Bonfim”, relata.

Penha conta que antes da padaria, os pais tinham uma pensão e padaria em frente do Bar do Jadir. “Eles permaneceram em Nova Venécia até 1970, depois foram para Vitória”, destacou Penha Cimadon.
Além dos dois irmãos citados, o casal também era pais de Luís Carlos Gozzer , Joel Gozzer, Lilian Gozzer, Edson Gozzer (In Memória), Paulo Gozzer (In Memória), Antônio Gozzer(In Memória) e Ornela Walesca Gozzer. De acordo com a Penha, todos os filhos do casal, aprenderam a fazer pão com o pai, e mantêm a tradição até hoje em seus lares. “Meu irmão, o Brás já teve padaria. Na época da padaria dos meus pais, os pães eram feitos no fogão a lenha, de forma artesanal, e tinha fermentação de 15 horas. O capricho do papai era tanto que, se o pão doce estivesse com marca preta da forma, o produto não era vendido”, fala Penha.

Big Bar Breda.
O Big Bar Breda, que era do seu Nilo Fardin, foi comprado entre os anos de 1958 e 1959, mas tinha o nome de Bar Fardim. Erguido onde hoje é o Kayena, seu Victorino Breda (In Memória) mudou o nome do estabelecimento e começou a vender os famosos picolés, sendo uma das sorveterias mais antigas da cidade. Por lá, também vendia bebidas, doces, lanches (café com leite, chocolate, pão com manteiga, pão com mortadela e salgados, tudo preparado pela esposa do seu Victorino, a dona Odette Curbani Breda, com a ajuda das funcionárias, a Ana e Luzia. “Os sorvetes e picolés também eram preparados no Bar, com frutas. Na época, o bar era frequentado por muitas pessoas, que iam para lá pra bater papo, namorar e fechar até negócios”, diz Genovena, uma das filhas do casal.

O bar pertenceu à família até por volta de 1964, que foi quando Seu Victorino construiu um prédio em frente, e se transferiu para lá. “Ele abriu um armarinho, quis mudar de ramo para poder descansar um pouco. Esse empreendimento funcionou até 1968, quando mudamos para Vitória. Uma lembrança que tenho do bar, é de um senhor que foi pracinha na guerra, e tinha mania de chegar vestido com um sobretudo e chapéu. Ali ele ficava em frente a um grande espelho durante muito tempo, enrolando os bigodes, enquanto ouvia as músicas sertanejas. Não sei porque essa é uma lembrança que me marcou”, fala Genoveva.
A dona Odette mora atualmente em Vitória, e vai completar 91 anos no próximo dia 25. O casal teve oito filhos. Além da Genoveva, a Isabel, Dela, Marlene, Zilma, Marli, Eliete, Eliane e o Herval.
