sábado, janeiro 25, 2025
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Areia, batinga e tinta xadrez

João Evangelista Rossim, 48 anos, é cabeleireiro há 33 anos, mas é na arte que o veneciano passa boa parte das horas vagas, pintando quadros, que já ganharam até espaço garantido, nas paredes de seu salão.
O que o novo artista faz, é algo diferente do que se vê por aí. Não é na tela, nem no tecido, ele utiliza MDF, areia, tinta xadrez e cola. Da elaboração da obra, até a fase final, Evangelista realiza um trabalho minucioso, até mesmo no momento de dar cor a areia.
“Algumas tonalidades de areia compro pronta. Já as que desejo aplicar uma cor diferenciada, é feita por mim, vou testando, até ficar do jeito que quero. Uso tinta xadrez, colocando-a junto com a areia, dentro da garrafa pet. A partir daí, vou sacudindo a garrafa, adicionando ou não, mais tinta xadrez, até chegar a tonalidade ideal”, diz.
Prova de um quadro que deu trabalho para ser constituída a tonalidade da areia, foi o da figura da onça. Uma obra que o veneciano teve que dedicar seis horas, só para deixar a areia, no tom desejado. Foram testada 72 vezes, fabricando cores diferentes, para que o artista chegasse ao tom desejado.
“Fazer um degradê, o autorelevo, por exemplo, dão mais trabalho. Gosto de todas as obras que fiz, mas o quadro do rosto de Jesus e as outras obras sacras, têm significados diferentes para mim”, fala.
Para que a gravura saia do papel, o cabeleireiro amplia a figura, e através de papel carbono, reproduz o desenho no MDF. Os rostos são elaborados com a ajuda do barro batinga, muito utilizado nas fabricações de panelas de barro. Tudo na obra é feito areia, até mesmo a assinatura.
Com cerca de 40 quadros prontos, alguns em 3D, o artista já vendeu obras, e planeja agora, fazer a Santa Ceia, São Jorge e Sagrada Família. “O preço varia, mas na verdade, não faço este trabalho com objetivo de vendas. Gosto de dar vida a matéria morta, me divirto, é um lazer para mim. Mas quem gostar do meu trabalho, pode me procurar. Vai ser um prazer ter minha obra na casa das pessoas”, diz.

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Dom que surgiu através da religião

Foi através da religião que o gosto pela arte começou. Sendo presidente da Pastoral Familiar e membro do Terço dos Homens, Evangelista sempre ajudou a construir, os tapetes de Corpus Christi. Após a comemoração católica terminar, os tapetes eram desfeitos, já que ficam nas ruas de Nova Venécia, durante a data. “Eu tinha uma pena de ver tudo desfeito. É tanta dedicação e tanto tempo para fazermos as obras, e depois, tudo tinha que ser desmanchado. Pensei em fazer algo que ficasse para sempre. Foi aí que decidi começar”, conta.
No início, o cabeleireiro usou papel contact como base para suas obras. Vendo que não estava dando certo, a experiência com o MDF surgiu, depois que o irmão do Evangelista, utilizou o material em outro tipo de obra. “Ele me deu a ideia e aderi, agora estou pensando em fazer na tela, já sei que vai dar certo”, esclarece.
Evangelista já doou obras para o Projeto Garra e para a Pastoral da Família, que foram utilizadas em sorteios, para arrecadar dinheiro para as instituições. Para conhecer o trabalho do veneciano, as obras estão expostas no Salão dos Gêmeos. Contato (27)99855-1835.

» Trabalhos durante eventos católicos, foram responsáveis por impulsionar Evangelista, ao mundo da arte

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