Quatro alunos do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Campus Nova Venécia, representaram o Brasil na International Talent Mathematics Contest (ITMC) 2025, em Bangkok, capital da Tailândia, entre os dias 22 a 26 de fevereiro.
O quarteto conquistou uma medalha de prata e duas de bronze, nas provas realizadas no dia 23 . A cerimônia de entrega das premiações aconteceu dia 25.
Acompanhados pelo professor José Gleydson Camata, os estudantes Emilly Correia Marquetti, aluna do curso de Mineração, Maria Clara Jacobsen Barcellos, Fellipe de Melo Zampiroli e Kauann Kalinski Groberio, alunos do curso de Edificações, enfrentaram desafios ao lado de competidores de nove países e mostraram que a Matemática brasileira está também em nível alto.
“Os dias em que passamos na Tailândia foram uma lição de vida. Mais do que medalhas, vivemos momentos únicos, adentramos em outra cultura, nos relacionamos com pessoas de diversas partes do mundo que, possuíam diferentes hábitos e costumes. A ITMC uniu indivíduos com estilos de vida distintos, mas que compartilhavam de um mesmo saber: a matemática. Somos extremamente agradecidos por nos ter sido oportunizada essa experiência única.”, expressam os alunos.
O ITMC é uma iniciativa da Thai Talent Training – Agência de Educação para superdotação em Matemática da Tailândia, umas principais instituições voltadas ao Ensino de Matemática e Treinamento de estudantes com Altas Habilidades na Ásia e organizadora da WORLD TIME – World Talent Invitational Mathematics Examinations.

O evento
Acredito que, participar do ITMC foi uma oportunidade indescritível de aprendizado, troca de conhecimentos e contato com diferentes culturas, já que, além da competição em si, os alunos puderam interagir com participantes de diversos países e conhecer de perto uma cultura muito diferente da nossa. Em relação à prova, a experiência vivenciada pelos estudantes, também, foge do convencional devido à estrutura e distribuição dos pontos. Nela, para além do domínio da Matemática, os alunos precisaram desenvolver estratégias para decidir quais questões responder e quais deixar em branco, levando em conta o tempo disponível, o valor de cada item e o impacto na pontuação – fosse ao acertar, errar ou até mesmo ao optar por não responder, exigindo não apenas conhecimento matemático, mas também raciocínio estratégico e tomada de decisões sob pressão, com um cronômetro gigante à frente dos competidores marcando hora, minutos e segundos restantes).
A viagem
Acredito ser válido destacar que ao participar de uma olimpíada internacional, nossos alunos têm a oportunidade de viajar para lugares que talvez sequer imaginassem conhecer um dia de modo que essas experiências permitem que eles enxerguem os confins do mundo como algo mais acessível, incentivando-os a ousar, a abrir as asas e voar – talvez até literalmente – em busca de seus sonhos, percebendo o quanto possuem potencial. Creio que isso é ainda mais significativo quando consideramos que estamos no interior de um pequeno estado, onde as oportunidades nem sempre surgem com facilidade.
Primeira vez na ITMC
Essa foi a primeira vez que participamos do ITMC, mas não foi a primeira vez que o Ifes – Nova Venécia esteve presente em uma olimpíada internacional de Matemática. Em 2019, nosso campus participou da AIMO, em Taiwan. Naquela ocasião, os alunos que foram convidados a integrar a equipe brasileira precisaram buscar recursos financeiros com empresas da região e pessoas que pudessem ajudar a custear a viagem. O maior apoiador na ocasião, foi o jogador Richarlison, que contribuiu tanto financeiramente quanto na visibilidade da causa. Como consequência, isso levou à destinação de uma emenda parlamentar que possibilitou que outros campus do Ifes também participassem. Felizmente, em 2025, vivemos uma realidade, diferente, na rede federal. Nossa equipe teve sua viagem quase integralmente custeada pela instituição, embora os recursos para esse tipo de iniciativa ainda sejam limitados. E sabendo que são escassos, não podemos deixar de agradecer aos diretores do campus e ao reitor do Ifes por proporcionarem essa experiência à nossa equipe. É importante dizer que quando nossos alunos participam de eventos dessa magnitude, não são apenas eles que ganham. A instituição se fortalece ao ver estudantes mais engajados nas aulas e em projetos acadêmicos e nossa região também ganha, pois demonstra sua potencialidade e capacidade de ser vista e reconhecida. Nesse sentido, para além das medalhas, o resultado se reflete na inspiração que esses jovens levam consigo e na mensagem de que dedicação e esforço podem abrir portas.
Orgulho aos alunos
Sou um pouco suspeito para falar, porque sou um professor “babão” mesmo! Sinto um imenso orgulho dos nossos alunos, pois eles nos surpreendem positivamente ao longo de toda a jornada em nossa escola. E aqui não me refiro apenas aos competidores desta olimpíada, mas a todos os nossos estudantes que se dedicam, que pensam, se posicionam… No nosso campus, os professores de Matemática não oferecem pontos extras na disciplina para aqueles que participam das diversas olimpíadas, e ainda assim, o número de alunos que comparece para realizar as etapas locais sempre é elevado. Eles aceitam os desafios com entusiasmo, seja realizando provas no turno da noite, após um dia exaustivo de estudos, seja abrindo mão de um sábado para competir. Alguns acabam se destacando mais, é claro, mas não podemos ignorar o processo coletivo, o apoio que eles recebem dos colegas de turma, dos familiares, dos professores e da instituição como um todo.
Estudos
Quanto aos nossos alunos competidores do ITMC, antes mesmo da certeza de que participariam do evento, já estavam como a Chiquinha do seriado Chaves, no episódio de Acapulco. Entretanto aqui, eles faziam as “malas do conhecimento”! Durante as férias, estudaram conteúdos que ainda não haviam visto em sala de aula, participaram de um intensivo no início de fevereiro e, até mesmo durante a viagem, aproveitavam o tempo livre nos aeroportos e as intermináveis horas de voo para resolver problemas. Com tanta dedicação, o resultado não poderia ser diferente! Orgulho define!
José Gleydson Camata, professor de matemática do Ifes





